quarta-feira, 29 de setembro de 2010

No primeiro dia, greve dos bancários já gera transtornos à população

Categoria fazia protesto em frente à unidade do BB da avenida Rio Branco, enquanto orientavam os usuários sobre como efetuar transações bancárias.

 A greve dos bancários, iniciada nesta quarta-feira (29), já está gerando transtornos à população. O empresário Leduar da Silva, por exemplo, aguarda liberação de empréstimo para efetuar compra para sua empresa. Ainda ontem (28), quando entrou em contato com a agência bancária, foi informado que receberia a quantia necessária hoje pela manhã.

Chegando na agência, no entanto, Leduar encontrou a central de atendimento vazia. “Queria fazer o empréstimo para comprar materiais para minha loja, que estão na promoção com 50% de desconto. Acontece que com a greve, acho que não vai ser possível conseguir esse dinheiro”, conta.

Além de Leduar, a pensionista Irma Oliveira, de 68 anos, reclamou da falta de assistência aos clientes preferenciais. Sendo hoje dia de pagamento para os servidores municipais e estaduais e, ainda, com a greve, as filas no banco eram expressivas. Irma teme que, nos próximos dias, diante da paralisação do atendimento nas agências, a situação torne a se repetir.

Quanto ao pagamento dos funcionários públicos, aparentemente não houve problemas. A servidora municipal Moema de Freitas afirmou que conseguiu sacar seu vencimento sem qualquer complicação. “Sabemos que a greve vai gerar transtornos, como os caixas mais lotados que o normal, mas pelo menos nosso pagamento não foi prejudicado”, diz.

Representantes do Sindicato dos Bancários (Seeb) também estavam no local. Enquanto reivindicavam, eles orientavam a população sobre como proceder durante os dias de greve. A coordenadora geral do Seeb, Marta Turra, explicou que, para efetuar transações bancárias, é preciso procurar canais alternativos – como casas lotéricas e através da internet.

Os caixas eletrônicos – onde é possível efetuar saques, depósitos e pagamentos – também são uma opção. Aqueles que tiverem contas a pagar, por sua vez, poderão fazê-lo ao final da greve, sem a cobrança de juros.

Enquanto durar a paralisação, todos os serviços de atendimento ao cliente estarão interrompidos. Apenas a compensação, tida como serviço essencial, vai continuar funcionando normalmente.

“Infelizmente, esta foi a única maneira que encontramos de tentar negociar foi essa”, argumenta. Turra justifica a paralisação pelas dificuldades de negociação encontradas pela categoria.

Reivindicações
Os bancários reivindicam reajuste de 24%, além da reposição das perdas acumuladas desde a implantação do Plano Real, isonomia entre bancários antigos e novos, distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos Bancos justa e linear para todos os bancários, e o fim do assédio moral nas agências entre outros pontos.

Também entra na pauta de reivindicações a realização de concurso público para incremento no quadro funcional dos bancos. Eles querem ainda cobertura de plano de saúde para aposentados e para aqueles que ainda não dispõem do benefício. O Banco do Brasil, por exemplo, segundo Marta Turra, não oferece atendimento odontológico para seus funcionários.

De acordo com ela, o setor que mais lucra no país deveria ao menos oferecer melhores condições aos seus empregados. Conforme informações divulgadas pelo sindicato, os seis maiores bancos que operam no país (Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) apresentaram R$ 21,7 bilhões de lucro líquido nos seis primeiros meses do ano.

O ganho é 32% superior ao lucro do mesmo período de 2009 e a rentabilidade média sobre o patrimônio líquido é de 25%. Diante disso, e da recusa em abrir canal de negociações para reajuste, a greve dos bancários foi deflagrada, a nível nacional, a partir de hoje (29).

fonte: no minuto