domingo, 11 de abril de 2010

Fitoterápicos são uma opção menos agressiva de tratamento

Farmaceutico defende, no entanto, que estes medicamentos não devem, contudo, ser confundidos com plantas medicinais.

Quando abriu as portas de seu laboratório de manipulação de medicamentos fitoterápicos, o farmacêutico Idivaldo Micali não perdeu tempo em dizer: “muita gente imaginaria que aqui teríamos muitas plantas medicinais, mas não é assim”. De acordo com ele, os termos se confundem, mas são fundamentalmente distintos.

Por plantas medicinais, entendem-se os vegetais ou chás de uso corriqueiro que surtem efeito no alívio do sintoma de determinadas doenças. Neste ponto, podemos citar o café, chá de alho ou camomila. Os fitoterápicos, por outro lado, são medicamentos registrados no Ministério da Saúde e devem obedecer a critérios de padronização.

É preciso ressaltar, no entanto, que eles se apropriam em sua composição dos princípios ativos das plantas medicinais. “Se eu tomar um café para ficar mais disposto, por exemplo, estou fazendo uso de uma planta medicinal. Se, por outro lado, utilizar um medicamento energético com cafeína, terei tomado um fitoterápico”, explica Micali.
Segundo o farmacêutico, os remédios a base dos princípios ativos das plantas têm ganhado cada vez mais status na sociedade. Somente no início do ano passado, nove novos fitoterápicos entraram na lista de distribuição do Ministério da Saúde. Antes, apenas dois eram distribuídos gratuitamente – a espinheira santa e o guaco.

“É importante dizer que os pacientes têm a liberdade de escolher em que sistema preferem ser tratados. Os fitoterápicos, no caso, são muito menos agressivos que os medicamentos alopáticos, e podem ser empregados em casos onde não é indicado o uso do remédio tradicional”, sintetiza o farmacêutico.No caso de mulheres em período de menopausa, que precisam de reposição hormonal, o tratamento alopático representa risco de problemas cardiovasculares e de câncer de mama. A isoflavona de soja, por outro lado, seria uma alternativa para controlar os efeitos da queda do estrogênio com menor risco de efeitos colaterais.
Ainda assim, Micali adverte: fitoterápicos são muito bons, mas não são panaceia. Existe a possibilidade de o paciente não se adaptar ao tratamento ou já se encontrar em um estágio muito avançado da doença, de modo a não sentir os efeitos pretendidos da medicação.

“Atualmente muitas pessoas acreditam que os fitoterápicos são ‘coisas do tempo da avó’. É preciso desmistificar esta ideia e demonstrar sua eficácia”, completa o farmacêutico. Ele diz que esta tarefa se torna árdua dada a atuação da indústria farmacêutica.

O Brasil é o quinto maior consumidor de medicamentos do planeta, com gastos de aproximadamente R$ 30 bilhões anuais. A expectativa é de que este número cresça ainda 5 ou 6% por ano. Estes valores, contudo, se referem apenas ao consumo de alopatias. Para Micali, a quantidade absurda, ainda mais se considerarmos que pelo menos 40% dos remédios sintéticos tiveram sua origem na natureza.

Regulamentação dos fitoterápicos

Os fitoterápicos sofreram recente regulamentação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Resolução RDC 14/2010, publicada na última segunda-feira (5) visa estabelecer um controle de qualidade para os produtos.



Para o farmacêutico Idivaldo Micali, a medida é de extrema importância no sentido de dar credibilidade à produção dos medicamentos. “Todo mundo sabe que camomila é boa como calmante, mas que fica a dúvida de quanto se deve tomar para obter o efeito desejado. A regulamentação nada mais significa do que oferecer aos usuários um serviço de qualidade”, afirma.

Fica assegurado ao cliente adquirir, então, um remédio com posologia e dosagem definidas e com a mesma fórmula, mesmo para fabricantes distintos.