Em entrevista exclusiva ao JORNAL DE FATO, o diretor-presidente do Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN), Josivan Cardoso, afirma que a barragem Armando Ribeiro Gonçalves não corre risco de entrar em volume morto ainda neste ano ou mesmo antes do período chuvoso do próximo ano. Segundo ele, mesmo que não ocorra qualquer recarga no inverno de 2019, a barragem ainda conseguirá chegar ao mês de setembro de 2019 antes de entrar em volume morto.
Josivan Cardoso disse também que não se pode prever um eventual colapso no abastecimento do RN.
Ele esclarece que no período anterior à quadra invernosa deste ano, o estado chegou ter apenas 12% do total das reservas hídricas estaduais superficiais, nos grandes reservatórios, que são monitorados pelo Igarn. Consequentemente, isso prejudicou os abastecimentos de diversas cidades potiguares, além dos usos diversos e produções, porque realmente não havia água em quantidade e qualidade para manter os abastecimentos dentro de uma regularidade. “Neste ano, estamos com 24% do total das nossas reservas hídricas, estamos mantendo todo o controle realizando o monitoramento cotidiano dos volumes, fiscalizações para coibir usos indevidos, realizando rodízios em cidades com maior dificuldade de abastecimento e algumas cidades com o uso dos carros-pipa, devido à já entrada em colapso, pois a situação hídrica é regionalizada. Não se pode estimar um colapso de uma maneira geral porque em algumas regiões os reservatórios tiveram melhor recarga e poderão manter os abastecimentos”, disse.
Para o diretor-presidente do Igarn, o plano emergencial de segurança hídrica também prevê abastecimentos de forma alternativa por adutoras emergenciais que foram construídas, além da implantação de poços onde isso foi possível. Com isso, foi possível uma melhoria, pelo menos, para mitigar a situação de abastecimento quando da redução dessas reservas hídricas como está havendo em algumas cidades.
Josivan Cardoso disse que existem alguns mecanismos para garantir que no período de chuva as decisões de gestão de recursos hídricos sejam tomadas, principalmente, visando garantir o maior acúmulo de água nas barragens, vez que os rios ao redor, que são perenizados pelos reservatórios, possivelmente têm água das próprias drenagens, e assim com fluxo natural.
“Desta forma, pôde-se até fechar essas saídas de água para que os mananciais possam acumular a maior quantidade possível. Além disso, no período chuvoso verificamos as outorgas existentes para saber se a água que o reservatório libera ainda é necessária para que os usos outorgados possam continuar; caso verificado que a água que já existe no rio atende às necessidades, a vazão é reduzida ou fechada”, disse.
Ações do Plano de Segurança Hídrica devem garantir abastecimento
Ele esclarece que essas são as principais ações que garantem o maior acúmulo de água no período chuvoso, “para que no período de estiagem possamos continuar com o abastecimento dentro da maior normalidade possível, além de realizarmos as alocações negociadas de água com os usuários para assim definir quanto e até quando temos água”.
Outra alternativa para garantir as reservas hídricas é fazer a integração dos sistemas de recursos hídricos, “ou seja, precisamos fazer que as águas existentes em reservatórios superficiais e também as constantes no subterrâneo, onde elas existem em quantidade e qualidade necessárias, possam ser utilizadas de maneira a manter a segurança hídrica, sempre promovendo a segurança hídrica”.
“Atualmente, temos uma dependência muito forte ainda das fontes superficiais, pois a malha de adutoras sempre capta das reservas superficiais. Precisamos implantar o que está no Plano de Segurança Hídrica Emergencial do Estado que é a integração dos sistemas utilizando águas tanto das fontes superficiais quanto subterrâneas de forma mais eficiente. Para também prevenir, é necessário manter o uso racional, por isso são tão necessárias as nossas ações de monitoramento, regularização de usuários e fiscalizações de uso indevido, para garantir que possamos ter a melhor gestão dos recursos existentes, sabendo a real quantidade de água existente e utilizada, além de conseguir ter a real estimativa de tempo de reserva, para que possamos garantir a maior quantidade de água pelo maior tempo permissível”, afirma.
Fonte:De Fato