sábado, 9 de outubro de 2010

Barragens terão criadouros de tilápias

O Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) inicia o processo de implantação dos parques de piscicultura nas barragens de Pau dos Ferros, Apodi e Itajá/São Rafael. As duas primeiras terão projetos demonstrativos de 320 tanques-redes e na última o investimento será empresarial, pioneiro no país, com 24 mil tanques-redes ocupando uma lâmina de 9,6 hectares de água do reservatório.
As unidades das barragens de Pau dos Ferros e Santa Cruz (Apodi) serão montadas pelo Dnocs, com recursos do Ministério da Integração Nacional na ordem de R$ 1 milhão. Segundo Antônio Marcos, coordenador do projeto de piscicultura no Rio Grande do Norte, projetos idênticos já funcionam com sucesso em outros estados do Nordeste, principalmente no Ceará.
A finalidade do investimento é transferir conhecimentos técnicos a famílias de pescadores, além de gerar emprego e renda. Cada unidade em seu primeiro ciclo de produção recebe do Dnocs os alevinos (filhotes de peixe), ração, tanques-rede, assistência técnica e apoio logístico. Com a venda do produto, os pescadores vão formando um fundo financeiro para manterem as unidades, expandindo-as.
No caso de Pau dos Ferros, estão sendo beneficiados 3 grupos de 10 famílias na implantação dos 120 tanques-redes na barragem. Já em Apodi, serão cinco grupos de 10 famílias nos 200 tanques-redes. Na Armando Ribeiro, em Itajá/São Rafael, a expectativa do Dnocs é de gerar 15 mil empregos diretos e indiretos. Nas duas primeiras, o trabalho de implantação já começou. Já na Armando Ribeiro, o Dnocs aguarda a outorga da Agência Nacional de Águas (ANA) para fazer licitação pública nacional, que vai selecionar o investidor.
As unidades experimentais vão ocupar áreas de 1 hectare, no máximo em cada reservatório. Já na Barragem Armando Ribeiro, os 24 mil tanques-redes ocuparão uma área de 9,6 hectares, o que corresponde a 0,65% do total. Neste caso, o Dnocs investe apenas no estudo viabilidade técnica/econômica e a empresa que vencer a licitação pública faz o investimento bruto.
Nas estações de Pau dos Ferros e Apodi, o projeto inicial prevê a produção de tilápia com sexualidade revertida, ou seja, nasce fêmea, mas durante o crescimento é alimentado com hormônio masculino e aí ficam 99% machos. O ciclo de produção se fecha em seis meses. Em cada ciclo serão produzidos 800 quilos de tilápia por tanque-rede, o que equivale a uma produção anual nos 120 tanques de 193,6 toneladas. A expectativa de produção na Armando Ribeiro, quando 100% implantado, é de 35 mil tonelada/ano.

IMPLANTAÇÃO
Na Armando Ribeiro, o parque aquícola de 24 mil tanques-redes será instalado em cinco anos, sendo que 10% no primeiro ano, 10% no segundo, 10% no terceiro, 20% no quarto e 50% no quinto ano. Os investimentos devem começar em 2011.
Ufersa vai monitorar água dos reservatórios
Para usar a lâmina de água das barragens de Pau dos Ferros, Apodi, Itajá/São Rafael na produção de peixe em cativeiro, o Dnocs firmou parceria com a Ufersa para monitorar e garantir a qualidade da água periodicamente. Esta foi uma das muitas exigências dos órgãos ambientais.
É que estes reservatórios são responsáveis pelo abastecimento de dezenas de cidades e, conforme Antônio Marcos, é preciso ter cuidados redobrados com a qualidade da água, tanto para produzir o peixe no tanque-rede como para o abastecimento das cidades. "Os dois precisam de água de boa qualidade", diz Antônio Marcos.
O monitoramento periódico será feito pelo professor/doutor Gustavo Henrique Gonzaga da Silva, coordenador do Laboratório de Limnologia e Qualidade de Água da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). O pesquisador, inclusive, já monitora a qualidade da água das barragens de Santa Cruz e Pau dos Ferros. Vai acrescentar agora o mesmo trabalho na Armando Ribeiro Gonçalves.

Um comentário:

  1. Ola...
    Noticia interessante. Com certeza ações como estas poderão ajudar a reduzir,para o consumidor final, o preço do pescado em até 50%.
    Entretanto é de fundamental importancia o papel fiscalizador da comunidade para que este empreendimento não se torne mais um que murcha depois da pirotecnia inicial. Assim sendo, a minha sugestão é de que este blog avalie anualmente a evolução dos projetos, a produção disponibilizada para o consumidor final, a satisfação dos piscicultores beneficiados, etc.
    Abraços
    Sergio Tamassia

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