domingo, 19 de janeiro de 2014

Endometriose o mal por trás das cólicas

Dor, desconforto, irritação, mudança de humor. Estar “naqueles dias” não é fácil e, para algumas mulheres, chega a ser insuportável. Se o mal-estar vai  muito além dos sintomas da chamada TPM e as cólicas são tão intensas que chegam a paralisar - você e sua rotina - fique atenta: pode ser endometriose. A doença, ainda pouco conhecida, atinge 15% das mulheres entre 15 e 45 anos e é comumente subestimada como “coisa de mulher”, o que induz ao diagnóstico tardio e pode levar a infertilidade.

Levados pela ideia massificada de que sentir dor durante a menstruação é “normal” faz da descoberta da doença um desafio não só para os profissionais que cuidam da saúde da mulher, mas também para elas que custam a buscar atendimento médico especializado. “Sempre ouvi que ‘quando casar, sara’, então, recorria aos analgésicos e parava a minha vida durante aqueles dias de tormento, porque era normal, me diziam”, lembra a secretária Eliane Ferreira de Andrade Fagundes, de 40 anos.

A endometriose ocorre pela presença do endométrio em locais fora do seu local de origem: a cavidade uterina. Esse tecido de nome estranho é a camada interna do útero, que se renova mensalmente - pela menstruação - e tem a responsabilidade de preparar o órgão para receber um futuro bebê. Sem a gravidez, o tecido descama e a mulher sangra. 

Mas, por razões ainda desconhecidas, ele pode pegar outro rumo e se fixar nos ovários, trompas, intestino, bexiga, abdômen e até parar nos pulmões. “Não temos a explicação do que causa. Essa é uma doença das teorias”, observa a ginecologista e obstetra Maria da Guia Medeiros, diretora médica da Maternidade-Escola Januário Cicco.

Os fatores que dão origem ao problema ainda são discutidos pelos médicos. Uma das teorias - “a mais aceita”, observa a ginecologista - é a da menstruação retrógrada de que durante a menstruação as células do endométrio que deveriam ser expelidas pela vagina retornam às trompas e  quando caem dentro do abdômen se instalam em qualquer órgão. Mas acredita-se também estar ligado ao sistema imunológico da paciente. “O organismo de algumas mulheres não conseguem destruir essas células do endométrio”, analisa Maria da Guia.

Exames de imagem, como ultrassom, videolaparoscopia e ressonância magnéticas são necessários para confirmar a existência da doença e definir a forma de tratar, que em geral leva em média até 10 anos de sofrimento para que a dor extrema comece a ser investigada. A doença pode ocorrer em qualquer momento da fase fértil, da primeira até a última menstruação. Contudo, a quase totalidade dos casos ainda são descobertos somente a partir da dificuldade de  engravidar. 
A administradora de empresa Adriana Silva, de 43 anos, passou quase 20 anos até receber a confirmação. Já em estágio avançado, com formação de tecido em diversos órgãos e cistos, ela foi obrigada a abrir mão do sonho da gestação e teve que ser submetida a uma histerectomia. “Sempre quis ser mãe, mas somente com a retirada do útero ganhei qualidade de vida”, conta ela que se prepara para adotar o primeiro filho.

Sem cura, o controle é feito por meio de medicamento oral, uso de anticoncepcionais ou mesmo cirurgia para remoção dos focos da doença. 
Fonte:Tribuna do Norte