segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Pesquisador potiguar quer provar a existência de Deus

Quando questionado sobre a existência de Deus, em 1928, o filósofo inglês Bertrand Russell afirmou que é dever de todo praticante de alguma religião evidenciar a presença da entidade divina. Ele defendia que o ônus da prova é responsabilidade de quem acredita, e não o contrário. Quase nove décadas depois, na cidade de Nova Cruz, na região Agreste do Rio Grande do Norte, o pesquisador Francisco de Assis Mariano, 22, deseja provar a existência de Deus através da análise de valores e deveres morais, tema da tese de seu mestrado.
O esboço produzido pelo jovem potiguar foi aceito, em 20 de agosto, pela banca do mestrado em Filosofia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A partir daí, ele vai passar os próximos dois anos construindo a dissertação “Argumento Moral a favor da Existência de Deus”, que tem por objetivo responder ao mais básico questionamento humano: Deus existe? 
O novacruzense tem graduação em Relações Internacionais pela Universidade Potiguar (UNP), mas sempre se interessou por filosofia analítica, o ramo do pensamento que permeia o estudo da lógica e da linguística. “Eu quero aprimorar os conhecimentos sobre política, ética e religião. Eu já estudava isso como interesse pessoal, mas foi apenas no ano passado que decidi seguir a carreira acadêmica”, conta.
Ele explica que a existência lógica de Deus foi escolhida por ser um tema pouco explorado nas cátedras de filosofia. “É um assunto que já ganhou poder em países de língua inglesa, mas quase não há centros de excelência no Brasil que levem o assunto a sério”, diz.
Evangélico, ele frequenta os bancos da Igreja Batista Regular, mas deixa claro que a pesquisa não se louva em princípios cristãos. “O Deus que eu pesquiso no projeto não é particular ao cristianismo. É apenas uma concepção geral; podendo se encaixar com qualquer religião que tenha um Deus pessoal”, reforça.
A tese argumenta que Deus é a fundamentação básica para moralidade humana. De maneira sintática, a defesa é de que os atributos encerrados na natureza divina, como justiça, bondade e equidade, por exemplo, são bases para a moralidade humana.
O estudo foi influenciada pela leitura, ainda nos bancos da igreja, dos textos de Tomás de Aquino e Immanuel Kant. Assis detalha que os dois filósofos trazem teses semelhantes sobre a essência divina: os valores e deveres morais objetivos são frutos da existência de um agente moral externo e absoluto, ou seja, Deus. 
Apesar da fé inabalável, o árido tema já lhe tirou alguns dias de sono. Ele diz que já pensou na hipótese de não confirmar a existência divina. Para evitar surpresas desagradáveis, quer encerrar as dúvidas com a análise epistemológica – estudo sobre origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento – do divino. “É algo totalmente racional. Deus não precisa de argumentos”, justifica.
Segundo ele, a crença não necessita de provas. O mestrando pontua que esta é uma “crença básica” e que argumentos servem apenas para reforçar o crédito. “Fiz um argumento para a existência de Deus, mas não é algo necessário crer. A crença básica é tudo aquilo que não podemos provar, mas que é racional”, detalha. 
Assunto ainda é pouco pesquisado no Brasil
O mestrando conta que a “análise” de Deus está começando a ganhar atenção da classe acadêmica brasileira. Há poucas bases de pesquisa e ínfimos são os eventos científicos relacionados ao tema. No Nordeste, por sinal, apenas a Universidade Federal da Paraíba tem realizado ações de incentivo à pesquisa e produção de artigos científicos sobre o assunto.
O jovem pesquisador também afirma que não foi alvo de preconceitos ou enfrentou empecilhos para estudar o tema belicoso. “O único problema é que, para realizar a pesquisa, sem materiais de excelência acadêmica escritos em português, toda a minha referência bibliográfica será na língua inglesa”, detalha.
Assis Mariano afirma que o estudo da lógica da religião é pouco explorado pela ênfase dada às questões que podem ser verificadas pela ciência. A era do positivismo lógico, segundo ele, como a ética, estética, conhecimento, realidade e religião, acabou sendo deixada de lado nas últimas décadas. “Hoje, já temos grandes filósofos que defendem a existência de Deus, como Alvin Plantinga, da Universidade de Notre Dame, e Richard Swinburne, da Universidade de Oxford”, cita.
Ele conta ainda que temeu não passar para o mestrado em razão das universidades brasileiras não darem tanta atenção ao tema. Na seleção feita, com trinta vagas disponíveis, ele acabou em décimo lugar. “Não fui alvo de preconceito em nenhum momento da seleção. Nesse quesito eu admiro o Departamento de Filosofia da UFPB. Foi uma seleção completamente imparcial e transparente sem qualquer tipo de vício”, esclarece.
O jovem pesquisador não tem dúvidas que irá provar, com toda a regra científica, a existência lógica de Deus. “Dúvidas sempre existem no decorrer de uma pesquisa, mas estou tão convencido da força dos argumentos da pesquisa e no apoio do orientador como de todo o Departamento de Filosofia da UFPB, que essa pesquisa será um desafio bastante prazeroso”, reforça.
Deus: hipótese plausível
A tese de mestrado será calcada nas bases levantadas por dois estudiosos ingleses, William Sorley e Mark Linville, tendo em vista o prisma de que a presença de moralidade objetiva nos seres humanos é, por si, a evidência da existência de Deus. Desta forma, o conceito de naturalismo – a visão de que apenas existe o mundo natural e não há nada acima disso – não é verdadeiro. 
“Isso porque, se Deus não existe, a moralidade humana se reduz apenas a um produto subjetivo e ilusório da evolução biológica, um mero fator da seleção natural na busca do homem pela sobrevivência. Mas se Deus existe, temos um padrão moral objetivo, como ética e direitos, ou seja, um modelo verdadeiro independente da opinião humana. Isso requer uma base sólida, uma fundamentação que transcende a opinião humana, e, nesse caso, Deus seria a hipótese mais plausível”, complementa.
Assis Mariano espera que a tese sirva de compêndio para a defesa dos deveres morais da humanidade. “É necessário propagar amor ao próximo, justiça, compaixão, verdade e qualquer virtude que a humanidade precisa nesse tempo em que vivemos”, encerra.
Fonte:Novo Jornal

RN registra 23 homicídios em 24 horas

O fim de semana foi de violência em todo o Rio Grande do Norte. Entre o sábado e domingo (27), 23 pessoas foram mortas na capital e interior do estado. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social afirmou que a Delegacia de Homicídios (Dehom) vai investigar os crimes e ressaltou que, apesar das mortes, o número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) tem diminuído.
De acordo com a Sesed, após o pico nos índices de assassinatos registrados neste fim de semana, a secretaria trabalha com todas as possibilidades de motivações, entre elas, o confronto entre facções criminosas pelo tráfico de drogas. Porém, o Executivo afirmou que ainda é muito prematuro falar sobre alguma relação entre os crimes. Para a investigação, o Instituto Técnico de Perícia (ITEP) e da Polícia Civil recolheu provas nos locais dos crimes, que deverão ser usadas na elucidação destes casos. Ainda segundo a Sesed, o patrulhamento já foi intensificado na capital, visando monitorar os locais onde ocorreram os assassinatos.

Em comunicado, o Governo tem tratado a redução dos CVLIs de "forma comprometida, transparente e compartilhada com todos os setores da sociedade por meio da Câmara Técnica de Mapeamento dos Crimes Violentos Letais Intencionais, instituída pelo Governo do Estado, em fevereiro deste ano, com o objetivo de melhorar a inteligência sobre a investigação, prevenção e repressão dos crimes intencionais contra a vida".

Ao todo, 21 pessoas foram mortas na Grande Natal, sendo 14 somente na zona Norte de Natal. Os outros dois homicídios ocorreram em Serra do Mel, quando um homem foi morto dentro de um bar por outros dois que chegaram em uma motocicleta, e em Apodi, com a vítima sendo executada a tiros no caminho de casa após uma briga de bar.

Números
Segundo levantamento da Câmara Técnica de Mapeamento de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), o Rio Grande do Norte registrou pelo sétimo mês consecutivo redução nos índices de crimes violentos letais intencionais, o que não ocorria nos últimos dez anos. No acumulado dos oito primeiros meses de 2015 a redução foi de 12,03% no número de CVLIs, caindo de 1.214 em 2014 para 1.068 este ano, o que representa 146 assassinatos a menos neste período.

Em agosto deste ano, a queda nos índices de CVLIs chegou a 6,25%, quando comparado com o mesmo mês do ano passado, caindo de 144 mortes para 135.

Em Natal, a redução no número de crimes violentos letais intencionais foi ainda mais significativa, caindo de 395 mortes de janeiro a agosto de 2014 para 311 assassinatos no mesmo período deste ano, o que significa uma redução de 21,27%, ou seja, 84 assassinatos a menos na capital. A zona Sul apresentou a maior redução (-59,09%), seguido pela Leste (-20,37%), Norte (-15,72%) e Oeste (-12,39%).

Todos os meses os relatórios são analisados e amplamente divulgados na imprensa, pela Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análise Criminal (Coine) da Sesed na primeira quarta-feira de cada mês.

Fonte:Tribuna do norte