terça-feira, 22 de maio de 2012

Salários defasados têm afastado professores da UERN.


Os baixos salários pagos na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) têm afastado muitos professores da Instituição. Segundo o professor doutor José Ronaldo Pereira da Silva (do departamento de Física), na unidade acadêmica em que é lotado cerca de 60% dos docentes foram recentemente contratados em virtude da evasão dos professores.

Ainda segundo José Ronaldo, os baixos salários diminuem a competitividade da Universidade em atrair bons profissionais e alunos, além da captação de recursos de agências de fomentos. Quanto ao argumento de que os professores saem da Uern para voltar as suas cidades de origem, o docente não concorda. “No departamento de Física, muitos professores foram para a Ufersa e pelo menos quatro deles não são de Mossoró”, explica.

De acordo com dados da Pró-Reitoria de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis da Uern (PRORHAE), nos últimos cinco anos, cerca de cem professores pediram exoneração da Universidade. Destaque para o ano de 2009, quando foram exonerados 34 docentes.

O professor doutor Alan Martins de Oliveira é um dos ex-professores da Uern. Ele integrava o departamento de Gestão Ambiental e saiu da Instituição em 2010, após cinco anos e meio de docência na Universidade, para integrar o quadro docente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), no departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas. Segundo ele, o que motivou sua saída foram as condições de trabalho.

“Muitos professores têm deixado a Uern pelas federais em virtude dos salários que são mais altos. Já no meu caso é que na Ufersa temos mais possibilidades de desenvolver trabalhos com órgãos fomentadores de pesquisa e extensão”, explica Alan Martins.

Para o professor Flaubert Torquato, presidente da ADUERN, a situação é preocupante.

Para piorar a situação na Uern, os professores estão há mais de dois anos sem terem os salários reajustados (o último reajuste foi em abril de 2010) . Isso significa perdas reais de pelo menos 12% em virtude da inflação do período. Já com relação ao cumprimento do Plano de Cargos e Salários dos docentes da Universidade, a informação é bem mais desanimadora. O documento afirma que o salário mais baixo do professor da Uern deve ser maior do que o salário mais alto do professor de nível básico. Dessa forma, a defasagem chega a 75,52%.

No ano passado, os professores protagonizaram uma greve de 106 dias. Na pauta salarial, estava o reajuste de 23,98%, que na época representava o cumprimento do Plano de Cargos e Salários da categoria. O movimento paredista teve fim em setembro, quanto o Governo do Estado firmou acordo de reajuste de 10,65% para abril de 2012; 7,43% para abril de 2013; e 7,43% para abril de 2014. No entanto, o Governo não cumpriu o acordado e outra greve foi deflagrada no início deste mês de maio.

Sem data para pagamento do reajuste, os salários dos professores da Uern vão ficando cada vez mais defasados e a Universidade corre sérios riscos de perder mais profissionais.

Para o professor Flaubert Torquato, presidente da Associação dos Docentes da Uern (ADUERN), a situação é preocupante. “Se não bastassem os salários baixíssimos e defasados em relação às universidades federais, os professores ainda convivem com as péssimas condições de trabalho. Caso a situação de desvalorização persista, a evasão de docentes causará sérios prejuízos a Uern”, esclarece o docente.

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