Seis
 bebês e duas crianças estão à espera de leitos de UTI (Unidade de 
Terapia Intensiva) em hospitais de Natal. O problema foi exposto por 
médicos plantonistas neste domingo (20) na internet.
Na
 maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), cinco bebês em estado grave 
estariam recebendo cuidados em uma sala improvisada do centro cirúrgico.
 Um dos bebês pesa apenas 800 gramas e nasceu de parto prematuro na 
madrugada deste domingo (20).
Segundo os médicos da Maternidade de Natal, como também é conhecida a MEJC, a unidade está superlotada e há carência de pessoal.
“Deixar
 bebê prematuro de 800 gramas sem assistência intensiva adequada por 
falta de leitos de UTI neonatal é criminoso”, criticou, via Twitter, o 
médico anestesista José Madson Vidal, que esteve de plantão, neste 
domingo, na unidade. “Até quando a sociedade vai ficar anestesiada, 
permitindo que, diariamente, bebês agonizem pela desassistência 
neonatal?”, questionou.
Também
 no microblog, a pediatra Uelma Medeiros publicou uma foto do local em 
que os cinco bebês estão internados e lamentou a situação a que 
pacientes e médicos vêm se submetendo nos últimos meses devido a 
problemas enfrentados pela saúde pública no Rio Grande do Norte. 
“Estamos (MEJC) trabalhando há muito acima da nossa capacidade! Ninguém 
vai se recusar a dar assistência, mas não tem como dar a tanta gente!”, 
postou a médica.
No
 site da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), a 
maternidade Januário Cicco é citada como referência para residência 
médica e pós-graduação. O texto sobre a maternidade a descreve como 
“hospital de referência terciária do SUS [Sistema Único de saúde] e 
funciona como um campo de ensino e aplicação prática para as profissões 
da área da saúde, cumprindo um meritório trabalho de ensino, pesquisa e 
atenção à população pobre.”
Os
 médicos também denunciaram que há fila de espera por vaga de UTI em 
outra unidade, o Hospital Maria Alice Fernandes (HMAF), também em Natal.
Segundo
 a pediatra Kalline Jerônimo, que estava de plantão no HMAF na madrugada
 deste domingo, o pronto socorro está com duas crianças e um bebê 
necessitando de UTI e recebendo cuidados médicos em local inadequado.
A
 pediatra postou no Twitter a situação precária no atendimento por falta
 de estrutura. “Saindo do HMAF hoje... Resumo do plantão: 1 RN 
[recém-nascido] necessitando de UTI neonatal e 2 crianças em estado de 
mal asmático necessitando de UTI pediátrica.”
Caso vai à polícia
O Simed/RN (Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte) informou ao UOL que
 nesta segunda-feira (21) vai procurar os médicos que denunciaram os 
problemas para que sejam abertas investigações sobre o caso.
O
 presidente do Simed, Geraldo Ferreira, disse que vai anexar 
documentações com as denúncias a um relatório elaborado pelo sindicado  
apontando à polícia a precariedade da saúde pública.
Segundo
 Ferreira, o sindicato está com uma agenda marcada para visitar as 
delegacias dos bairros de cada hospital do Estado para abrir boletins de
 ocorrência e, com isso, inquéritos policiais sejam instaurados contra o
 governo do Estado.
“A
 situação do atendimento público é grave. Antes existiam problemas 
setorizados, mas agora está generalizado. A situação escandalosa ocorre 
da pediatria a anestesia”, afirmou Ferreira. Ele exemplificou que estava
 de plantão no Hospital Walfredo Gurgel, na semana passada, e observou 
que as agulhas de aplicação de anestesia “não estavam perfurando a pele 
dos pacientes.” “A enfermagem nos informou que era um lote que veio com 
defeito, mas a direção do hospital não adquiriu novos lotes para 
substituí-lo”, citou.
Na
 avaliação de Ferreira, a saúde do Rio Grande do Norte passa por "uma 
grave crise", com greve dos profissionais e falta de remédios e insumos 
básicos nos hospitais. Os médicos pararam as atividades no dia 28 de 
abril, 25 dias após os demais servidores terem cruzado os braços. Eles 
pedem melhores condições de trabalho e reajustes salariais, mas o Estado
 diz que não tem como dar aumento devido aos limites de gastos impostos 
pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Por conta da crise na saúde, o 
então secretário de Saúde, Domício Arruda, pediu demissão do cargo no 
último dia 3.
Morte
O Simed/RN também afirmou ao UOL que
 recebeu denúncia de dois óbitos de crianças que precisavam de UTI e 
morreram sem a assistência devida. Segundo Ferreira, uma criança 
internada no HMAF morreu por falta de vaga na UTI. Segundo o sindicato, a
 criança estava com problemas no aparelho gastrointestinal e necessitava
 de aparelhos para mantê-la viva. “O tempo em que ela ficou esperando 
surgir uma vaga na UTI, veio a óbito antes da transferência”, contou.
Ferreira
 citou ainda que o Simed vai denunciar à polícia, na próxima 
quarta-feira (23), a morte de outra criança por falta de UTI no Hospital
 Tarcisio Maia, em Mossoró.
O
 presidente do Simed disse também que na próxima terça-feira (22) vai 
aos dois hospitais para colher informações sobre o estado de saúde dos 
pacientes que estavam na UTI. “Recebemos relatos de que as máquinas que 
mantinham os pacientes vivos ficaram paradas devido à falta de energia, 
mas não sabemos se ocorreu óbito.”
Outro lado
A reportagem tentou falar com a direção dos dois hospitais maternidades citadas nas denúncias, mas não conseguiu contato. O UOL também
 procurou a assessoria de imprensa da Secretária Estadual de Saúde, mas 
as ligações ao telefone apontado como de “plantão” do órgão não foram 
atendidas.
Fonte:noticias do rn 
Nenhum comentário:
Postar um comentário