domingo, 31 de maio de 2015

Acordos podem fazer do RN negócio da China

A assinatura de 35 acordos de cooperação entre Brasil e China, que vai gerar mais de US$ 53 bilhões em investimentos nos próximos anos, será uma importante alavanca ao desenvolvimento do setor de infraestrutura em território brasileiro, com reflexos diretos na economia do Rio Grande do Norte. A afirmação é do jurista Marcos Nóbrega, especialista no setor de infraestrutura e em políticas de parcerias público-privadas. Ele é professor e pós-doutor pela universidade de Harvard e ministrou aulas na UFRN.   A assinatura do acordo de cooperação ocorreu no último dia 19. O governo chinês vai promover investimentos nas áreas de planejamento, infraestrutura, comércio, energia, mineração, entre outras. Somente com a Petrobras, a China deve investir mais de US$ 7 bilhões. O dinheiro será utilizado para compensar parte dos efeitos do contingenciamento orçamentário promovido pelo Planalto. Somente para o orçamento de 2015, o corte previsto das despesas deve ficar entre R$ 70 bilhões.   “É no momento de crise que surgem as oportunidades. A desvalorização do real frente ao dólar significa mais oportunidades para investir e mais recursos para o país”, avalia Marcos Nóbrega.    Ele acredita que os recursos oriundos do acordo irão corrigir falhas do setor estrutural do país. “Não é a salvação da economia brasileira, mas vai servir para a construção de melhores estruturas para o escoamento da produção. Precisamos de portos e aeroportos mais estruturados e malha ferroviária mais presente”, diz.   Um dos acordos mais celebrados foi o estudo de viabilidade para construção da ferrovia transoceânica. Trata-se de uma linha férrea ligando o Brasil ao Oceano Pacífico, passando pelo território peruano. A projeção é de que a obra custe cerca de US$ 10 bilhões.   De acordo com o consultor, apesar de não haver investimentos previstos para o RN, as perspectivas são excelentes para os próximos anos. “O Estado é um grande polo turístico e pode se beneficiar muito com recursos estrangeiros. O campo imobiliário também é excelente”, frisa.   Na visão de Nóbrega, o grande diferencial potiguar é o Aeroporto Internacional Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante. “O terminal aéreo é uma porta de entrada para investimentos. A instalação de um hub aeroportuário, como já se especula, vai gerar uma infinidade de oportunidades de negócio”, diz. Hoje, o RN disputa a instalação de um centro de conexão da companhia aérea TAM.  O plano de investimento terá ação conjunta de cooperação entre a Caixa Econômica e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, sigla em inglês). Dentre os acordos, foi firmada a compra de 22 aviões da empresa brasileira Embraer para companhias aéreas chinesas.   A operação de venda das aeronaves, acertada com a empresa chinesa Tianjin Airlines, tem valor estimado em US$ 1,1 bilhão. Os primeiros aviões serão entregues até o fim do ano. Os outros 18 aviões ainda dependem de uma segunda aprovação das autoridades chinesas em uma fase posterior.   Entre os investimentos chineses no Brasil, somente US$ 7 bilhões serão para financiar projetos da Petrobras. O novo aporte se soma a outro empréstimo feito pelo Banco de Desenvolvimento da China, no valor de US$ 3,5 bilhões, e que foi assinado no início de abril. “A assinatura de um acordo tão grande quanto esse mostra para os investidores estrangeiros que a crise brasileira não é grave assim. O capital chinês dá aval para que outros países façam o mesmo”, reforça.   Marcos Nóbrega é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco e também professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco. Ele é especialista em “Direito de Infraestrutura”. Ele é um dos defensores de políticas de parcerias público-privadas para o setor estruturante.    O jurista também argumenta que os países do bloco econômico do BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) têm, hoje, papel preponderante para a economia mundial, com ações de abertura de mercado e de estabilidade econômica. “Com exceção da Rússia, com uma política interna conflituosa, Índia e China estão na vanguarda dos investimentos internacionais. O Brasil, por fazer parte do bloco, sai na frente para captar estes recursos”, completa. 
Fonte:Novo Jornal

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