domingo, 30 de março de 2014

Jumentos apreendidos serão castrados

Animais já estão sendo separados entre machos e fêmeas para evitar a procriação 


Quase seis meses após a criação da Associação de Proteção dos Animais (APA) localizada em Apodi, a situação financeira da entidade continua preocupando os criadores visto que os animais recolhidos nas estradas e abrigados na fazenda necessitam de alimentação e cuidados. Atualmente, a APA continua recebendo apenas o dinheiro que foi cedido pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Apodi em prestações pecuniárias de condenações judiciais. O dinheiro é utilizado para comprar medicamentos, alimentos e montar a infraestrutura das unidades, mas o custo tem cada vez mais aumentado.
Como tentativa de evitar a procriação dos mais de 500 jumentos abrigados na fazenda cedida para a APA, o presidente da associação, Eribaldo Nobre, revelou que os animais machos serão castrados nas próximas semanas. Como uma das primeiras ações para realizar a castração, os jumentos já foram separados por sexo. As fêmeas estão numa área separadas dos machos. Também foram colocados em locais diferentes os animais que apresentam menos nutrição para que recebam uma alimentação diferenciada.
Para a castração, Eribaldo Nobre afirma que o município de Felipe Guerra já cedeu um médico veterinário para a realização dos procedimentos. “Nos próximos dias também vamos contar com um estagiário de veterinária para ajudar o médico nas castrações”, afirmou. Ele afirmou que ainda não sabe exatamente o dia para iniciar os procedimentos, mas que será o mais rápido possível.
Sobre o apoio para custear os gastos com os animais, Eribaldo conta que ainda está aguardando os municípios que prometeram ajudar. “É muito difícil manter essa quantidade de animal com o mínimo de apoio que estamos recebendo. Infelizmente muita gente promete, mas não cumpre e nós ficamos sem ter a quem procurar para pedir ajuda. Quando criamos a associação foram muitas as promessas, mas até agora quase ninguém chegou junto de fato. Eu tenho feito muito além do que posso, já vendi 32 cabeças de gado e investi tudo na associação. Não estou pedindo reembolso nem nada disso. Estou apenas pensando na situação daqui para frente”, revela.
A APA continua recebendo os animais recolhidos pelas polícias rodoviárias Federal e Estadual. A associação obteve ainda mais divulgação após a proposta feita pelo promotor da 2ª Promotoria de Justiça de Apodi, Sílvio Brito, de abater os animais recolhidos para oferecer no cardápio da população penitenciária do Estado. Como forma de desmistificar o consumo da carne, o promotor serviu um almoço para cerca de 200 convidados, no dia 13 deste mês, onde o cardápio continha pratos feitos com a carne de asininos como churrasco, escondidinho, bife ao molho madeira e ao molho branco. A aceitação da carne foi positiva, tendo os convidados relatado a grande semelhança da carne do jumento com a de gado.

Clientes procuram por iguaria


Gerente da churrascaria, Edvânia Marcolino, diz que procura pela carne de jumento é frequente

A proposta do promotor Sílvio Brito de abater e consumir a carne dos jumentos apreendidos, obedecendo as recomendações sanitária e após respeitado tempo de quarentena, chamou a atenção de muita gente além de ter dividido a opinião pública quanto ao consumo.
A churrascaria onde o almoço oferecido pelo promotor foi realizado tem chamado a atenção até hoje. Segundo a gerente Edvânia Marcolino Pinto, muitos clientes vão até o local à procura da iguaria. “Tem gente que não sabe ainda que foi servido somente naquele dia para os convidados do promotor e pensa que estamos servindo”, diverte-se.
Sobre os boatos de que a churrascaria estaria enfrentando uma crise devido à recusa dos clientes e o temor de que estariam servido a carne do jumento, a gerente garante que isto não está ocorrendo. “As pessoas inventam muitas histórias. O fato do movimento ter caído está ligado ao período pós-carnaval e não ao almoço do promotor. Trabalho aqui há vários anos e essa queda no número de clientes é muito normal”, defende-se.
Ela afirma ainda que caso o abate dos jumentos vá ocorrer mesmo, ela será uma das candidatas a vender a carne no seu estabelecimento. “Com certeza ofereceremos. Claro que com o conhecimento do cliente. Jamais faríamos isso sem que o consumidor soubesse o que estava comendo. Será um prato como outro qualquer que o cliente poderá escolher no cardápio”, garante.
Fonte: Gazeta do Oeste

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