domingo, 30 de março de 2014

Ditadura:Militares sufocam resistência em Natal

Há 50 anos, a quarta-feira daquele 1º de abril, amanhecia com aviões cortando o céu da capital. A movimentação atípica despertava para uma época de terror e para o fim do sonho de plena democracia vivida por jovens do Rio Grande do Norte. Em pouco tempo, a notícia de que o Palácio Felipe Camarão, sede do Executivo Municipal, foi tomado por militares e o então prefeito Djalma Maranhão e o vice-prefeito Luiz Gonzaga dos Santos estavam presos e depostos dos cargos, correu a cidade. O Golpe de 1964 chegava a Natal. Apesar de a deposição do presidente João Goulart já vir sendo traçada há tempos pelas Forças Armadas, em terras potiguares a euforia que alimentava a dedicação de jovens ligados a grupos de esquerda - movimentos estudantis, religiosos e rurais - impediu antecipar o acontecimento e pegou todos de surpresa.
 Maria Laly Carneiro estava em casa quando ouviu a notícia do avanço das tropas pelo rádio, naquela manhã. Dermi Azevedo se preparava para a vida religiosa, no seminário São Pedro, quando o reitor comunicou que “as forças armadas estavam derrubando o comunismo”. Nei Leandro de Castro e Geniberto Campos mobilizavam estudantes no diretório, enquanto os estudantes de direito e engenharia civil, Marcos Guerra, Josemá Azevedo, respectivamente, além de Meri Medeiros, liderança da Liga Camponesa, estavam em outros estados tratando de projetos de educação e política.

Mesmo entre os gestores do poder executivo, o golpe não era esperado. Um dia antes, o vice-prefeito Luiz Gonzaga presidiu sessão na Câmara Municipal de Natal em que escolheu a mesa diretora que conduziria os trabalhos legislativos naquele ano, segundo arquivo desta TN.

 Ainda naquela manhã de 1º de abril, Djalma Maranhão comunicou ao Comandante Militar e ao Secretário de Segurança Pública, sua posição em favor da democracia e da preservação do mandato do presidente João Goulart.  E reuniu-se na Prefeitura com secretários, lideranças estudantis, sindicais e políticas para, por meio de notas oficiais, convocar os natalenses a resistir ao golpe.

Mas não houve manifestações populares de resistência, a exemplo das registradas no Rio de Janeiro e São Paulo. Aqui, autoridades militares e o governo do Estado foram ágeis em tomar medidas preventivas para impedir – pelo uso da força - a perturbação da ordem pública.

Tropas tomaram as ruas, repartições públicas e foram instaurados diversos Inquéritos Policiais Militar (IPM) contra a subversão, levando centenas de pessoas para a prisão no Comando da Polícia Militar, 16º Regimento de Infantaria (RI) e o Regimento de Obuses (RO) do Exército em Natal, além de quarteis em Recife, Fernando de Noronha (PE) e Fortaleza (CE).

O primeiro IPM, foi criado pelo Estado em 23 de abril, por força do ato institucional número 1 (AI-1), a Comissão de Investigação, conhecida como “Relatório Geral” e importava de Pernambuco dois militares que entrariam para a história do movimento de repressão ao comunismo no RN: o capitão Carlos Moura de Morais Veras e o capitão José Domingos da Silva. Com treinamento especial na CIA, os agentes tinham o aval para deter e torturar os subversivos que promoviam mobilizações populares.

Cinco décadas depois, a história ainda cobra a responsabilidade de atos de violência, a partir da instalação de Comissões da Verdade e Memória. 


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Fonte:Tribuna do Norte

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