domingo, 4 de março de 2012

Atendimentos de Urgência ainda é o maior problema da saúde potiguar

O Índice de Desenvolvimento do SUS diz que o RN teve nota 5,42, uma das melhores do Nordeste. Entretanto, o Estado ainda tem muito o que avançar.

 Na quinta-feira (1), o Ministério da Saúde divulgou o Índice de Desempenho do SUS (IDSUS), este avalia, através de notas, a atuação da saúde pública em todo Brasil. Na região Nordeste, o Rio Grande do Norte ficou com a 2ª melhor nota (5,42) e está entre os 12 estados com os melhores serviços de saúde do país.

O índice atualiza a cada três anos e analisa a saúde brasileira através de indicadores. São 24 indicadores, sendo 14 avaliam o acesso obtido e 10 estudam sobre a sua efetividade. Com isso, eles elaboram as notas.

O Estado ficou com a nota 5,42 e teve uma diferença de 0,01 em relação ao primeiro lugar do Nordeste, que foi Alagoas. Por mais que tenha ficado na frente de estados mais desenvolvidos, como Ceará. Isso não quer dizer que a região potiguar esteja livre de problemas. Recentemente,uma pesquisa da Consult indiciou que a segunda maior preocupação dos natalenses era com a saúde pública.

A falta de investimentos em postos de saúde, para atendimentos de emergência, faz com que a maioria dos pacientes sejam deslocados a grandes hospitais, como o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, cujos leitos sempre ficam ocupados e quando vem mais gente, esses tem que ficar nos corredores, esperando um leito ou aguardar para serem transferidos para outros hospitais.

Maria Salete estava acompanhando o seu pai, no Walfredo Gurgel, que sofreu Acidente Vascular Cerebral (AVC), após ter passado mal em casa. Ela disse que vai ao hospital, porque não tem um posto de saúde no conjunto Boa Esperança, lugar onde vive.

“Se tivesse mais postos de saúde, remédios e profissionais, para atender a demanda, a saúde pública do estado seria bem melhor.”, disse Salete.


FD/Nominuto
Domício Arruda, secretário estadual de Saúde.
Domício Arruda, secretário de saúde do estado, falou que era importante divulgar os resultados desse índice para realizar melhorias na saúde em todo o país.

“O maior problema da saúde brasileira é o seu acesso, são portas estreitas. No Rio Grande do Norte, a nossa porta mais estreita são os atendimentos de urgência”, disse Arruda, concordando com o que Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse na quinta-feira sobre o acesso ao hospital.

Sobre a falta de acesso, Eduardo Silva é paciente do Walfredo Gurgel e está esperando fazer uma cirurgia cardíaca. Silva está com Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) que faz o seu coração crescer e está a seis meses tentando fazer uma cirurgia. Ao ser perguntado o que ele acha da saúde pública, no Estado, rapidamente disse: “Nem tudo aquilo que a gente tem o direito de ter por direito, é aquilo que a gente vai ganhar”.

Para tentar desafogar os maiores hospitais do estado e assim trazer melhorias a saúde pública potiguar, às prefeituras e o Governo estão criando medidas, tais como a criação de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que funcionam por 24 horas, e ampliação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Em fevereiro, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) criou a Rede de Atenção às Urgências no Rio Grande do Norte. Fazem parte da rede: o Samu, UPAs e o conjunto de serviços de urgência 24 horas de atenção hospitalar e domiciliar.

Esta faz parte da Política Nacional de Atenção as Urgências, no qual o foco principal é trazer medidas para desafogar a superlotação do Walfredo Gurgel e já se sentiu as primeiras melhorias. No carnaval, não teve nenhum paciente do SUS pelos corredores do hospital, segundo a Sesap.

FD/Nominuto
UPA de Pajuçara, na Zona Norte.
Além disso, o Estado anunciou novas UPAs para os municípios de Ceará-Mirim e Assu. São 11 unidades, ao todo, que estão em projeto ou em construção. Atualmente, 4 se encontram em construção nos municípios de Macaíba, Mossoró, Natal, localizada no bairro da Cidade da Esperança, e Parnamirim.

Sobre a UPA da Cidade da Esperança, faz dois anos que ela deveria estar pronta. Enquanto isso, os moradores do bairro tem que ir a Unidade Básica de Saúde do bairro de Quintas ou para o Hospital dos Pescadores, no bairro das Rocas.

Em Natal, existe uma unidade que fica em Pajuçara, na Zona Norte. Tem capacidade para mais de 300 atendimentos por dia e conta com 150 funcionários. São quatro consultórios médicos, 12 leitos, salas de acolhimento, observação, setor de pronto atendimento, setor de diagnóstico e terapêutico.

Mas, por conta dos assaltos que teve na unidade, recentemente, os atendimentos foram prejudicados e os funcionários até ameaçaram de fazer uma paralisação por causa dos pagamentos atrasados e em protesto pela falta de segurança.

Em Natal, foi criado o Ambulatório Médico Especial (AME) em que traz os serviços de saúde básica, tais como pediatria, cardiologia, clínico geral, geriatria, oftalmologia, nutricionista, entre outros.

São três ambulatórios em Planalto, Nova Natal e Brasília Teimosa. O quarto seria no conjunto Igapó, entretanto, as obras estão paralisadas. Se estivesse funcionando a unidade atenderia 11 mil atendimentos por mês, incluindo, e diminuiria a lotação do Hospital Santa Catarina.

FD/Nominuto
Atendimento da equipe do Samu.
O Ministro Alexandre Padilha disse que o índice não deve ser visto como um instrumento de avaliação apenas da administração local e que as notas estimulam o avanço do SUS. Ainda falou que não há uma nota mínima e que metas estão descartadas, apesar dos técnicos do Ministério dizer que nota 7 seria ideal.

Natal obteve uma nota 5,9 e foi a terceira melhor nota das capitais nordestinas, perdendo apenas para São Luís e Recife. Além disso, a capital potiguar está entre as 11 melhores notas do índice em todo país. A pior nota ficou para o Rio de Janeiro, que foi 4,33.

Domício Arruda disse que apesar das notas, a saúde ainda precisa ser aperfeiçoada. "A gente precisa melhorar bastante, apesar de termos avançados na parte de transplante", disse.  O secretário disse que ainda não tem uma ação pontual para atender outras questões que o indicador apontou de negativo para o Estado.

 Fonte:nominuto.com

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