NOVA YORK - Uma nova prótese biônica, a mais avançada já desenvolvida e que funciona como um exoesqueleto, levou Amanda Boxtel, usuária de cadeira de rodas desde 1992, a voltar a andar com as próprias pernas. Aos 18 anos, ela ficou paralisada da cintura para baixo depois de sofrer um acidente esquiando. A empresa americana fabricante do eLEGS, a Berkeley Bionics, planeja começar os testes clínicos em poucos meses.
O aparelho é dotado de inteligência artificial e têm várias vantagens em relação a outras próteses biônicas disponíveis no mercado. Por exemplo, com o exoesqueleto eLEGS o paraplégico dobra melhor os joelhos e caminha por terrenos irregulares. Para vestir o equipamento, que lembra uma mochila cheia de fios, é preciso conectar algumas poucas travas, velcros e apoios de ombros. E o usuário alcança até 4,8 km/h.
O eLEGS é movido a bateria e responde aos movimentos do usuário via sensores. Segundo o diretor da Berkeley (empresa com sede na Califórnia) Eythor Bender, o novo exoesqueleto será destinado inicialmente a centros de reabilitação e pode ser ajustado para pessoas com altura entre 1,58 m e 1,95 m.
- Tive que reaprender a caminhar, mas o meu corpo tem uma memória muscular e foi muito rápido - disse Amanda na apresentação do eLEGS em São Francisco.
Diferentemente de outros exoesqueletos, tais como o XOS-2 da Raytheon e o HULC, da própria Berkeley Bionics, o eLEGS não se destina a dotar soldados de uma força super-humana, como, por exemplo, percorrerem quilômetros com menor desgaste físico e carregando muito mais peso. Este último é projetado especificamente como um dispositivo de reabilitação para restabelecer a função da marcha em pessoas que sofreram lesão na medula. E o novo modelo ainda tem a vantagem de melhorar a circulação sanguínea e a digestão dos paraplégicos.
A vestimenta controla sensores conectados às pernas robóticas. Elas são impulsionadas por quatro motores, um para cada parte do quadril e dos joelhos. Já a articulação do tornozelo é controlada por outros dispositivos que mantêm os pés num ângulo exato para que eles possam tocar o solo de acordo com o movimento natural das pernas.
Uso de baterias facilita locomoçãoOs sensores do eLEGS informam sobre a posição das pernas, retransmitindo os dados para a unidade de controle, que determina a forma de dobrar as articulações e, por sua vez, o pé. E as baterias de lítio e cobalto permitem que a vestimenta funcione sem um fio ligado a uma estação, o que dá grande autonomia ao usuário.
Outros equipamentos similares ao eLEGS se limitam a arrastar os pés do paraplégico, porque os fabricantes acham que desta forma é mais seguro e simples, e poupa mais energia. Embora o eLEGS possa ser ajustado para suportar o peso, o equilíbrio é com o próprio usuário, que faz isso através de muletas, que servem também para controlar o sistema. Para dar um passo, o paraplégico aciona com a muleta oposta a perna que deseja movimentar. Outro gestos permitem fazer a transição de sentado para em pé ou as curvas.
O eLEGS não é o único exoesqueleto robótico destinado a restabelecer a marcha em paraplégicos. O ReWalk, da Argo Medical Technologies, em Haifa, Israel, usa um projeto semelhante, com uma mochila conectada a suportes e motores elé$ligados às pernas. Ele também está sendo testado no Estados Unidos e a empresa espera a aprovação do órgão responsável, o FDA, num prazo de 12 a 18 meses.
Dispositivo poderá ser usado sob roupaGrant Elliot, cientista que trabalha em projetos de exoesqueletos no laboratório do Instituto de Tecnologia Massachusetts, afirma que aparelhos de reabilitação como o eLEGS e ReWalk são promissores. Ainda assim, diz que é preciso torná-los cada mais compactos, o suficiente para que os seus usuários se movam livremente sem bater em objetos.
- As pessoas estão acostumadas a se moveram através de espaço e tamanhos destinados a elas, como, por exemplo, os corredores estreitos - disse o pesquisador.
Numa demonstração nos Estados Unidos, alguns voluntários, entre eles Amanda Boxtel, foram capazes de se locomover com o eLEGS em espaços apertados, como passar entre uma mesa e uma caixa, sem grandes dificuldades.
John Fogelin, diretor de engenharia da Berkeley Bionics, explicou em entrevista à revista "New Scientist" que a empresa está trabalhando maneiras de tornar o design mais elegante, usando baterias menores e suportes mais finos. Um dos objetivos é que os exoesqueletos possam ser colocados por baixo de uma roupa comum. A empresa planeja iniciar testes em clínicas de reabilitação com um maior número de cadeirantes já no início de 2011. E, apesar de não ter divulgado o valor do equipamento, o fabricante estima que custo, no início, será similar ao de uma cadeira de rodas topo de linha, que no mercado sai a pelo menos US$ 100 mil
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