UFRN: centros de excelência em pós
Publicação: 19 de Setembro de 2010 às 00:00
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Carla França - repórter
Indicadores como proposta pedagógica, corpo docente e produção científica garantiram a dois Programas de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN) o conceito 6 - em escala de 1 a 7- na avaliação trienal (2007-2009) realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Isso equivale dizer que a UFRN tem centros de excelência em pós-graduação. Os cursos de Mestrado e Doutorado em Física e Ciências e Engenharia de Materiais apresentaram desempenhos equivalentes ao dos mais importantes centros internacionais de ensino e pesquisa.
Alex FernandesPró-reitora Edna Maria vai pedir revisão de alguns conceitosPró-reitora Edna Maria vai pedir revisão de alguns conceitos
Os dados, apresentados no último dia 14, mostram ainda que outros quatros Programas de Pós -graduação foram considerados de ‘muito bom nível’ com nota 5; 19 receberam conceito 4, o que representa ‘bom resultado’ e 18 tiveram ‘desempenho regular’ com conceito 3. Outros 12 cursos não subiram na avaliação da Capes porque foram criados recentemente, um deles é o Programa de Pós-graduação em Neurociências. Vale lembrar que nenhum curso de Pós da UFRN foi classificado com conceitos 1 e 2.
“Os resultados da avaliação da Capes foram bastante satisfatórios para nós. A UFRN não só cresceu em quantidade (mais de 10% a cada ano) como em qualidade na pós-graduação. Quatro programas aumentaram o conceito -um deles foi a Pós-graduação em Física (Mestrado e Doutorado), que passou do conceito 5 para o 6. E quatro tiveram o conceito reduzido (Engenharia Química que tinha Conceito 5, Engenharia de Petróleo e Sanitária e Turismo com 4), mas vamos solicitar a revisão das notas porque não concordamos com o resultado”, diz a pró-reitora de Pós-graduação da UFRN, Edna Maria da Silva.
Engenharia química, de petróleo e sanitária e turismo tiveram uma queda na avaliação. E vai ser pedida a revisão dos conceitos. Mas a Universidade reconhece que eles têm condições de permanecer com as notas anteriores, 5 para engenharia química e os demais com 4. Mas não é definitiva. Os cursos de Mestrado em Enfermagem, Ensino de Ciências Naturais e Matemática, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) passaram do conceito 3 para o 4. Outros cursos como Psicobiologia, Psicologia, Biotecnologia (em rede), Educação e Ciências da Saúde obtiveram conceito 5, reafirmando a avaliação do triênio anterior.
Avaliação
O sistema de avaliação da pós-graduação feito nas universidades brasileiras é diferente da Graduação. A avaliação consiste de acompanhamento anual pela Capes e análise dos indicadores a cada três anos, com a atribuição de conceitos baseados nos seguintes quesitos: proposta pedagógica, corpo docente e discente, produção intelectual – material produzido e publicado - e inserção social, que aponta a contribuição dos cursos para a sociedade.
“Para poder continuar, o curso precisa ser credenciado. Os que, nesta avaliação, recebem as notas 1 e 2 são descredenciados pela CAPES. Universidades de Estados vizinhos como Ceará, Bahia e Paraíba tiveram cursos descredenciados. Nós estamos caminhando em pé de igualdade com os Programas do Sul, Sudeste e até os internacionais”, disse o coordenador geral da Pós-graduação, o professor Rubens Maribondo.
Com 32 anos de pós-graduação, a UFRN, atualmente, possui 52 programas de pós-graduação com 74 cursos, dos quais 46 são de Mestrado e 28 de Doutorado. Até dezembro de 2009, 3.977 mestres e 694 doutores foram formados pelos Programas de Pós-graduação da UFRN. Este ano, 590 pessoas receberam títulos de mestres e doutores. Até o final do ano esse número deve subir para 800 pesquisadores com título de pós-graduação.
Recursos
Além de garantir a continuidade dos Programas de Pós-graduação, o bom resultado dos cursos possibilita a atração de mais recursos e financiamentos para as pesquisas. Este ano, a Pós-graduação da UFRN recebeu quase R$40 milhões para investimentos. Só a Capes investiu R$13 milhões em bolsas, o Programa de Apoio a Pós-graduação enviou R$ 2,2 milhões que foram distribuídos aos Programas.
Além disso, a administração da UFRN destinou R$1,6 milhão para auxiliar a política de bancas, os eventos. Recebemos R$4 milhões (metade no início do ano e o restante agora) para compra de equipamentos e quase R$10 milhões em Edital que atende a infraestrutura de pesquisa e é gerido pela Pró-Reitoria de Pesquisa.
É preciso conseguir mais bolsas para fortalecer a pós
O conceito 6 na avaliação trienal da Capes é não só o reconhecimento da qualidade, como também o presente em comemoração aos 25 anos de criação do Programa de Pós-graduação em Física da UFRN.São 20 professores e 80 alunos -de Mestrado e Doutorado – que trabalham em três grandes áreas de pesquisa: Física da Matéria Condensada Teórica, Física da Matéria Condensada Experimental e Astronomia e Cosmologia.
“As pesquisas trabalham desde o interior da matéria até as grandes dimensões do cosmo. Busca por novos planetas, desenvolvimento de satélites e também questões práticas a a produção do petróleo, desenvolvimento de instrumentação científica, nanociência, nanotecnologia, entre outros”, explica o coordenador da Pós-Graduação em Física da UFRN, Renan Medeiros. Ainda segundo o coordenador, na área de Pós Graduação em Física, apenas 10 programas possuem conceito 6. Além disso, dos cinco pesquisadores considerados de elite no Nordeste, dois estão na UFRN. Um deles é o professor Renan.
Segundo ele, o que se tem que fazer agora é conseguir mais bolsas e recursos para fortalecer ainda mais os Programas de Pós Graduação. “A pós é uma necessidade, ela qualifica melhor um profissional que vai ter lugar de destaque no mercado. Sem a pós graduação não tem como traçar o destino do país”, diz o professor. Com relação ao aproveitamento desses profissionais, a Pró-Reitora de Graduação explica que “todos os doutores estão empregados nas instituições de ensino superior institutos federais e para o sistema produtivo”.
E hoje observa-se o movimento contrário. Os mestres e doutores tem preferido permanecer no Brasil, em especial na UFRN. “Quando ainda era estudante eu não quis sair daqui. Fiz os cursos fora, mas voltei para a UFRN com o objetivo de mostrar que é possível fazer ciência da melhor qualidade em Natal. E alcancei o meu objetivo”, diz Renan.
Engenharia
Tão bom quanto comemorar uma ascensão de conceito é conseguir se manter com uma avaliação de excelência. Esse é o caso do Programa de Pós Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais da UFRN, que a seis anos está com o conceito 6 na avaliação da CAPES. Esse Programa está entre os que mais produziram artigos no país, são 171 produções, o equivalente a 14,25 artigos para cada um dos 12 docentes. Além de ter um bom intercâmbio entre alunos brasileiros e de Universidades da França, Portugal, Estados Unidos, entre outros.
“Entre as pesquisas desenvolvidas pelo nosso Programa está a produção de um tipo de cimento mais resistente para ser utilizado na construção dos poços de petróleo. Temos também um programa de aproveitamento de resíduos. Sem contar o lado científico quem tem formado doutores que atuam em diversas instituições de ensino”, diz o coordenador do Programa de Pós Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais, Wilson Acchar.
UFRN reconhece competência dos cursos
O Programa Regional de Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi dos que tiveram um aumento na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O Prodema saiu do conceito 3 para o 4, que representa ‘bom resultado’.
“A Universidade reconhece a competência desses cursos que tiveram suas notas elevadas, como é o caso do Prodema. Eles fizeram o trabalho com competência dobrada porque para subir de conceito é preciso ter uma performance acima das dos demais cursos”, ressalta o Pró-Reitora de Pós-Graduação da UFRN, Edna da Silva.
Esse resultado está sendo bastante comemorado pelos 26 professores e 32 alunos do Programa, que atuam com outras sete universidades públicas (UFPI, UFC, UFPB, UEPB, UFPE, UFS e UESC).
“Todos os Programas são criados com nota 3 e dependendo das avaliações eles podem subir, manter ou diminuir a nota. Nós conseguimos aumentar o nosso conceito já na primeira avaliação completa a qual fomos submetido”, diz a coordenadora do Prodema, Raquel Franco de Souza.
O objetivo do Programa, criado há seis anos, é discutir e procurar soluções para os problemas socioambientais em prol do desenvolvimento sustentável da região Nordeste e no caso do Prodema UFRN, do semiárido do Rio Grande do Norte. “O nosso foco é na questão da sobrevivência do semiárido, bem como a inserção do homem nesse ambienta”, explica a coordenadora.
Produção
Em dois dos cinco quesitos avaliados pela Capes, o Prodema foi avaliado como ‘muito bom’: inserção social e produção científica. Para se ter uma ideia dessa produção, foram apresentadas 41 dissertações. Cerca de 35 mestres foram formados pelo Programa.
Um dos ‘produtos’ apresentados pelo Prodema é livro, organizado pela professora Eliza Maria Xavier Freire, que reúne artigos científicos que levam a conhecer um pouco mais do semiárido nordestino.
Além disso, o Prodema possui professores participando de Conselhos Gestores de diversos órgãos ligados ao meio ambiente, que são responsáveis pela criação de políticas públicas para essa área. “Um exemplo é o Conselho Estadual do Meio Ambiente que conta com a atuação de dois de nossos professores”, diz Raquel Franco de Souza.
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