A democracia brasileira tem se fortalecido ao longo dos anos, sobretudo por ter uma impressa livre, sem a mordaça antigamente colocada por líderes políticos, que queriam - e conseguiam - calar os meios de comunicação. Mas ao que tudo indica, essa prática ainda é muito comum nos dias atuais. Candidata ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte pelo DEM, partido que apoia a candidatura à presidência do tucano José Serra, a senadora Rosalba Ciarlini tem se notabilizado, ao longo de suas administrações à frente da Prefeitura de Mossoró, em calar a imprensa mossoroense por intermédio de processos na Justiça.
Um destes processos ainda está tramitando e não teve desfecho: é contra o radialista José Antônio, da Rádio Difusora de Mossoró, que apresenta um dos programas mais longevos e de maior audiência na radiofonia local, o Cidade Aflita. Rapaz humilde nascido na cidade de Grossos, José Antônio é tido pela população como a "voz dos que não têm vez e voz", denunciando descasos, criticando construtivamente administrações e, dentro de seu papel como profissional do rádio, sendo porta-voz do povo.
O último movimento no xadrez jurídico de Rosalba é que ela quer ver empenhando um terreno (que não mais pertence à Difusora) para que José Antônio cumpra a sua parte como litisconsorte - já que a empresa onde ele trabalha, a Difusora, também foi demandada e já pagou. Inclusive, foi com o único veículo de reportagem, um carro tipo Pálio, que estava empenhado e foi a leilão, que a emissora de rádio conseguiu, penosamente e parcialmente, acabar com a contenda jurídica. Inclusive, o Pálio da história é o que a então candidata ao Senado repassou ao ex-vereador de Felipe Guerra, Chicão, em troca do apoio deste à sua candidatura.
De acordo com informações repassadas à editoria de Política da GAZETA DO OESTE, o advogado de Rosalba Ciarlini, Valentim Marinho de Oliveira Neto, fez uma varredura em busca de bens em nome de José Antônio, para que fossem penhorados a pagar a dívida restante da execução judicial. Trabalhador humilde e sem posses, o radialista José Antônio está aflito porque não sabe como pagar esta dívida para com a senadora e candidata ao Governo do Estado, Rosalba Ciarlini.
"O jeito que vai ter é eu fazer uma campanha junto ao povo, para que me doem de cinquenta centavos, um real, dois reais... Vai ser o jeito", disse José Antônio, com os olhos marejados, que também é titular de um outro programa de audiência e de apelo bastante popular, O Clube dos Cafonas, que vai ao ar aos sábados. "Eu quero saber o que fiz de mal a essa mulher?", questiona Zé Antônio, que admite ter feito críticas na época a então prefeita Rosalba Ciarlini, mas disse estar cumprindo o seu papel como profissional. "O que houve foi apenas um mal-entendido. Estava tecendo críticas construtivas e pelo bem dos mossoroenses em um bloco. Quando retornou do comercial, fui ler uma matéria sobre Fernandinho Beira-Mar e aí foram dizer que eu estava comparando Rosalba a Fernandinho Beira-Mar. Jamais faria isso". Emendou Zé Antônio, complementando que sempre esteve pautado "pela conduta ética e cidadã ao estar nos microfones da rádio" e que nunca fez tal comparação.
"Desse dia em diante, a doutora Rosalba tem se valido do seu status para me prejudicar financeiramente. Todo mundo sabe da minha vida, das pensões que tenho para pagar e do esforço que faço para manter minhas contas em dia", comentou o radialista. O processo da senadora Rosalba Ciarlini contra José Antônio é o de número 106.01.000061-0.
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