O presidente americano, Barack Obama, discursará em horário nobre na TV nesta terça-feira para anunciar o fim dos combates e a retirada da maior parte das tropas americanas no Iraque. Ainda candidato, ele defendia encerrar o conflito de sete anos para dedicar homens e verbas para onde efetivamente está o terrorismo: o Afeganistão.
Comparado por alguns ao presidente morto John F. Kennedy por seu carisma e pela campanha por mudança, Obama decretou o fim da Guerra do Iraque pouco após assumir e estabeleceu uma agenda não apenas de retirada das tropas, mas de construção dos alicerces necessários para uma democracia sustentável no país.
Diante de militares, o presidente dos EUA, Barack Obama, anuncia seu plano para a retirada de tropas do Iraque |
Apesar de ficar marcado como um grande avanço, será difícil Obama obter resultados práticos nas urnas com a notícia.
Primeiro, porque essa não é a guerra de Obama, que coloca a maioria democrata no legislativo em jogo em novembro deste ano e deve tentar a reeleição em 2012. O fardo da invasão ficou associado aos republicanos e ao ex-presidente George W. Bush (2001-2009).
Segundo, porque as atenções estarão voltadas para a situação no Afeganistão --essa sim a "guerra de Obama"--, que ainda contará com forte presença de tropas americanas em 2012.
ORIGENS
Filho de Barack Hussein Obama, um homem negro do Quênia educado em Harvard e de Ann Dunham, uma mulher branca de Wichita, no Estado do Kansas, Obama fala das suas origens como "não convencionais". Nasceu em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, e seus pais se separaram quando tinha dois anos.
Barack Obama em uma foto de 1978, quando era estudante |
O democrata morou na Indonésia quando criança, após sua mãe se casar com um indonésio, e depois viveu no Havaí, com seus avôs maternos. As idas e vindas deram, na sua opinião, as ferramentas necessárias para que pudesse se tornar um político hábil na hora de fazer coligações e traçar alianças. "Ele se movimenta entre vários mundos", afirma sua meia irmã, Maya Soetoro-Ng. "É o que fez em toda a sua vida."
"Sou filho de um homem negro do Quênia e de uma mulher branca do Kansas. Fui criado com a ajuda de um avô negro que sobreviveu à Depressão e combateu durante a Segunda Guerra (1939-1945), e de uma avó branca que trabalhou em uma linha de montagem de bombardeiros, em Fort Leavenworth, enquanto seu marido servia no exterior", descreve o próprio Obama.
Sua adolescência no Havaí foi marcada não só por uma destacada trajetória escolar, mas também por anos de contravenção. Na época, Obama experimentou maconha e cocaína, conforme afirma em sua biografia "Dreams from my Father: A Story of Race and Inheritance" ("Sonhos de Meu Pai: Uma História de Raça e Herança").
FAMÍLIA
Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional Universidade Harvard e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago antes de ser eleito senador por Illinois, em 2004.
Barack Obama comemora com a família e simpatizantes a conquista da nomeação |
Foi em Harvard que Obama conheceu sua mulher, Michelle, com quem se casou em 1992. Em uma campanha presidencial que pregava o novo, Michelle foi um dos triunfos de Obama. Negra e com formação universitária, Michelle foi um cabo eleitoral importante de Obama entre mulheres. Obama e Michelle tem duas filhas: Malia e Sasha.
Por sua família muçulmana, Obama enfrentou boatos de que seria também um muçulmano, religião que muitos americanos associam negativamente ao extremismo. Os boatos foram reforçados com a divulgação de uma foto na qual Obama aparece com trajes típicos em visita ao Quênia, onde sua família paterna mora.
Obama converteu-se, já adulto, ao cristianismo e é membro da Igreja Batista da Trindade Unida em Cristo, em Chicago. Sua equipe acusou a campanha de Hillary, sua rival à época, pela divulgação da foto.
PRESIDENTE DOS EUA
Há pouco mais de um ano, poucos americanos sabiam soletrar o nome de Obama e, agora, ele é o 44º presidente da história do país --e o primeiro negro.
No começo de sua campanha, Obama brincava frequentemente que o povo não se lembrava de seu nome. A própria rede de TV CNN teve de fazer uma correção após confundir o nome do senador com o do terrorista de origem saudita Osama bin Laden, líder da rede Al Qaeda --chamou o então senador de "Barack Osama".
Na Casa Branca, Obama marcou uma trajetória de amplas mudanças em um esforço para abandonar o legado de Bush --algumas com mais resultado do que outras.
Decretou o fim da prisão para suspeitos de terrorismo em Guantánamo, o que não conseguiu por obstáculos diplomáticos, legais e administrativos.
Mas buscou uma aproximação maior com a comunidade internacional, liderou os esforços globais para combater a crise --em casa aprovou um pacote de US$ 787 bilhões para a recuperação-- e aprovou uma audaciosa reforma na saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário