sábado, 24 de abril de 2010

MONUMENTOS











Eles retratam a memória de Natal e têm grande importância histórica e cultural, mas carecem de cuidados do poder público e sofrem com a ação do tempo e dos vândalos
Apesar da importância histórica e cultural dos monumentos de Natal, alguns dos espalhados pela cidade sofrem com o abandono e a falta de manutenção. Muitos estão pichados, quebrados, alguns com cartazes colados, e quase todos sem identificação. O obelisco da Praça André de Albuquerque, na Cidade Alta, é um bom exemplo disso. Construído para registrar a realização da missa de fundação da cidade, o monumento está cheio de pichações, quebrado, sujo.


Na Praça André de Albuquerque, a escultura deteriorada é amostra do descaso com o patrimônio histórico e cultural Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press
A estátua em homenagem aos cem anos da independência do Brasil, na Praça Sete de Setembro, Cidade Alta, também está deteriorada. "É triste ver uma obra tão bonita sendo destruída. Esses monumentos são muito importantes porque contam a nossa história", lamenta o estudante Emanoel Rodrigo Lopes, que costuma frequentar o lugar. Para o geógrafo Erivaldo de Souza, os monumentos espalhados pela cidade agregam valor à história da cidade. "Eu acho até que deveriam haver mais monumentos, eles são muito representativos. São importantes pela questão histórica, social, cultural", afirma.

De fato, Natal tem obras muito representativas que contam a história da cidade e do estado. É o caso da Coluna Capitolina, presente do governo da Itália ao Rio Grande do Norte, entregue em 1931, como agradecimento pela acolhida dos potiguares a dois aviadores italianos, Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin. Segundo historiadores, a coluna foi arrancada das ruínas do templo sagrado de Júpiter, no norte do Capitólio na antiga Roma, por ordem de Benito Mussolini.A coluna está conservada, na medida do possível, e hoje fica numa área em frente ao Instituto Histórico e Geográfico do RN, protegida por grades durante a noite, para evitar que o vandalismo destrua a peça.

A conservação e manutenção de monumentos e painéis localizados em praças e logradouros da cidade é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur). De acordo com a diretora do departamento de operações da Semsur, Jailene Carvalho, este trabalho é feito anualmente, mas não emtodas as praças da cidade. " A demanda é muito grande e o recurso limitado", afirmou. Segundo ela, não existe um trabalho contínuo para a preservação, conservação e manutenção de monumentos na cidade.

Exemplos

O pórtico dos 400 anos da cidade, localizado na BR-101 (na saída sul da capital), na entrada do município, está bem conservado. Aparentemente, os três reis magos representados no monumento foram pintados há pouco tempo, e a obra estava com placa de identificação. "A identificação dos monumentos é muito importante. Tem que falar da história do monumento e o nome do artista que o fez. Se não tem uma placa aqui, a gente não tem como saber", disse a autônoma Fátima Cruz, uma das muitas pessoas que passam cotidianamente pelo local e admiram a beleza do monumento.

No bairro da Cidade Alta, um belo painel em cerâmica, assinado pelo artista potiguar Dorian Gray, encanta quem passa pela Praça das Mães. O painel hoje está bem conservado, a praça bem cuidada, mas tudo passou por um programa de revitalização de praças, executado pela Prefeitura de Natal, no ano passado.

Diretora do Memorial Câmara Cascudo e neta do famoso folclorista, Daliana Cascudo lembra que os monumentos, painéis e obras de arte em geral espalhadas pela cidade, além de embelezarem, representam a democratização da arte. "Todos têm acesso quando a obra está numa praça, numa rua, quando não se restringe às galerias, isso é muito importante porque instiga a curiosidade da população", afirmou.

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