Eles retratam a memória de Natal e têm grande importância histórica e cultural, mas carecem de cuidados do poder público e sofrem com a ação do tempo e dos vândalos
Apesar da importância histórica e cultural dos monumentos de Natal, alguns dos espalhados pela cidade sofrem com o abandono e a falta de manutenção. Muitos estão pichados, quebrados, alguns com cartazes colados, e quase todos sem identificação. O obelisco da Praça André de Albuquerque, na Cidade Alta, é um bom exemplo disso. Construído para registrar a realização da missa de fundação da cidade, o monumento está cheio de pichações, quebrado, sujo.
Na Praça André de Albuquerque, a escultura deteriorada é amostra do descaso com o patrimônio histórico e cultural Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press |
De fato, Natal tem obras muito representativas que contam a história da cidade e do estado. É o caso da Coluna Capitolina, presente do governo da Itália ao Rio Grande do Norte, entregue em 1931, como agradecimento pela acolhida dos potiguares a dois aviadores italianos, Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin. Segundo historiadores, a coluna foi arrancada das ruínas do templo sagrado de Júpiter, no norte do Capitólio na antiga Roma, por ordem de Benito Mussolini.A coluna está conservada, na medida do possível, e hoje fica numa área em frente ao Instituto Histórico e Geográfico do RN, protegida por grades durante a noite, para evitar que o vandalismo destrua a peça.
A conservação e manutenção de monumentos e painéis localizados em praças e logradouros da cidade é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur). De acordo com a diretora do departamento de operações da Semsur, Jailene Carvalho, este trabalho é feito anualmente, mas não emtodas as praças da cidade. " A demanda é muito grande e o recurso limitado", afirmou. Segundo ela, não existe um trabalho contínuo para a preservação, conservação e manutenção de monumentos na cidade.
Exemplos
O pórtico dos 400 anos da cidade, localizado na BR-101 (na saída sul da capital), na entrada do município, está bem conservado. Aparentemente, os três reis magos representados no monumento foram pintados há pouco tempo, e a obra estava com placa de identificação. "A identificação dos monumentos é muito importante. Tem que falar da história do monumento e o nome do artista que o fez. Se não tem uma placa aqui, a gente não tem como saber", disse a autônoma Fátima Cruz, uma das muitas pessoas que passam cotidianamente pelo local e admiram a beleza do monumento.
No bairro da Cidade Alta, um belo painel em cerâmica, assinado pelo artista potiguar Dorian Gray, encanta quem passa pela Praça das Mães. O painel hoje está bem conservado, a praça bem cuidada, mas tudo passou por um programa de revitalização de praças, executado pela Prefeitura de Natal, no ano passado.
Diretora do Memorial Câmara Cascudo e neta do famoso folclorista, Daliana Cascudo lembra que os monumentos, painéis e obras de arte em geral espalhadas pela cidade, além de embelezarem, representam a democratização da arte. "Todos têm acesso quando a obra está numa praça, numa rua, quando não se restringe às galerias, isso é muito importante porque instiga a curiosidade da população", afirmou.
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