quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Asteroide passará de raspão pela Terra

Sabe aquele asteroide que caiu na Rússia no ano passado? Um igualzinho vai passar de raspão pelo nosso planeta neste domingo, por volta das 15h (de Brasília). Não vai bater, mas estará a cerca de um décimo da distância até a Lua — aproximadamente 40 mil km. Convenhamos, quando um pedregulho de cerca de 20 metros de diâmetro vem na sua direção a mais de 45 mil km/h, a gente tem de se preocupar, não?
A Nasa divulgou o achado ontem, obtido de forma independente por dois grupos de astrônomos nos dias 1 e 2 de setembro. Batizado de 2014 RC, o bólido celeste de início causou alvoroço, mas, a essa altura, com a órbita mais bem determinada, já sabemos que com certeza ele não corre risco de colidir. Por via das dúvidas, contudo, é bom continuar acompanhando sua trajetória depois que ele passar por nós, sobrevoando a região da Nova Zelândia.
“Embora o 2014 RC não vá impactar com a Terra, sua órbita o trará à vizinhança do nosso planeta no futuro”, disse a agência espacial americana, em nota. “O movimento futuro do asteroide será monitorado de perto, mas nenhum potencial encontro ameaçador com a Terra foi identificado até agora.”
O lance é que, ao passar de raspão pela Terra, o asteroide tem sua trajetória alterada pela gravidade do planeta. Isso já é incluído nos cálculos, mas não custa confirmar depois do encontro para ver se está tudo certinho, não é? O seguro morreu de velho.
PERIGO CONSTANTE
Sabemos que esse não vai bater, mas dá um calafrio, vai? Pois vá se acostumando. O Mensageiro Sideral conversou com o caçador de asteroides brasileiro Cristóvão Jacques, e ele disse que não é tão incomum a descoberta de bólidos passando a um tiquinho de nós. “A gente pega um desses duas a três vezes por ano”, afirma.
Claro, de vez em quando não pega. E aí o asteroide só é descoberto depois que já passou, ou quando cai — como aconteceu em Chelyabinsk, na Rússia, em 15 de fevereiro de 2013. Naquele dia, um asteroide com estimados 20 metros de diâmetro explodiu ao adentrar a atmosfera terrestre, liberando uma energia 30 vezes maior que a bomba atômica de Hiroshima.
A onda de choque produzida pela explosão a 30 km de altitude danificou 7.200 prédios em seis cidades da região, e cerca de 1.500 pessoas ficaram feridas.
Ou seja, mesmo não sendo objetos capazes de destruir a civilização e devastar a vida globalmente (como o asteroide que matou os dinossauros, 65 milhões de anos atrás, que tinha pelo menos 10 km de diâmetro), bólidos como o 2014 RC podem fazer muitos estragos.
Felizmente, temos cientistas pensando em como detectar esses objetos antes que caiam aqui e também como desviá-los, se for necessário. “Este objeto é um ótimo análogo do bólido de Chelyabinsk”, afirma Eric Christensen, astrônomo da Universidade do Arizona em Tucson e um dos descobridores. “Acho encorajador o fato de duas grandes iniciativas de rastreio terem o detectado independentemente e que o objeto tenha sido anunciado cerca de quatro dias antes da aproximação máxima. Este é um ótimo exemplo de como o sistema tem de funcionar (e funciona!), que espero ajude a calar parte do barulho sobre como o céu está desabando e não temos capacidade para fazer nada a respeito.”
E você que pensou que astronomia não tinha utilidade prática?
Fonte:Portal:UOL

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