quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Greve prejudica Enem da rede pública

ENQUANTO SECRETARIA E SINDICATO DOS PROFESSORES NÃO SE ENTENDEM, ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA RECLAMAM DA PARALISAÇÃO E TEMEM PREJUÍZOS; ALGUNS JÁ AMEAÇAM ATÉ DESISTIR DO ENEM

A greve dos professores da rede pública estadual, embora deflagrada ainda com a adesão parcial da categoria, já está trazendo consequências aos estudantes que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com a paralisação dos docentes decidida em assembleia na última segunda-feira, alguns estudantes afirmaram ao NOVO JORNAL, ontem, que pensam em desistir de realizar o exame que possibilita o ingresso em instituições públicas de ensino superior.

“Eu já desisti. Não tem como concorrer se não tem aulas na sua escola”, declarou a estudante Andreza Martins, 17, enquanto conversava com colegas no pátio da Escola Estadual Winston Churchill, na Cidade Alta, frustrada com a ausência de professores na sala de aula.
la está entre os mais de 100 mil estudantes inscritos para o Enem deste ano no Rio Grande do Norte, onde a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) utilizam o exame como mecanismo de ingresso para seus cursos.

Na descontraída roda de conversa dos jovens estudantes, Andreza discutia, entre outros assuntos, a greve dos professores e as consequências para o aprendizado. “A gente já sabe que só quem vai se prejudicar somos nós mesmos. Desisti do Enem porque precisava da escola para me preparar. Desse jeito, sem aula, eu teria que fazer cursinho”, completou a estudante, visivelmente indignada com a situação.

Além da greve, ela critica também da redução de carga horária dos professores, concedida pelo governo em obediência à legislação federal, mas que está deixando lacunas no cumprimento da grade curricular das escolas. A redução altera a carga horária de aproximadamente dez mil professores em sala de aula, que passam a ter um terço da jornada de trabalho destinada ao planejamento. Ou seja, agora têm 20 horas em sala e 10 horas para planejamento, em vez de 24 para atividades em sala e seis para planejamento como ocorria até então.

Mesmo ponderando que a preparação para o Enem não depende apenas do professor, a estudante Maria Luíza Pessoa, 17, considerou que não estava havendo, da parte dos profissionais da educação, a preocupação com o preparo do aluno para o Enem. “Só dizem que é bom para a gente, mas não fazem nada para ajudar. A gente veio para estudar e cadê o professor?”, questionou Maria Luíza.

A direção da escola se reuniu com os professores para saber se haveria adesão à greve. Por telefone, a diretora Maria Eliane Silva, informou que apenas dois professores deixaram de dar aula na manhã de ontem, mas que, provavelmente, retornariam hoje. Segundo ela, com exceção desses dois, nenhum outro vai aderir à paralisação naquela unidade de ensino.

Ainda confusos sem saber ao certo quem vai continuar dando aulas e quem endossa a paralisação das atividades, os alunos se dividem no apoio à causa. “Eles estão certos porque só assim vão poder alcançar os direitos deles”, defendeu o estudante Atry Fernandes, deitado no chão do pátio.

A colega Maria Luiza questionava: “como é que dizem que o estado todo entrou em greve se em outras grandes escolas de Natal não vai ter greve. Eu acho que deveriam pensar em outra forma de protestar que não prejudicasse nem a eles nem a nós”.
AULAS
Na Escola Estadual Anísio Teixeira, em Petrópolis, apenas um professor decidiu cruzar os braços. “Pela manhã as aulas estão normais, com exceção deste professor que costuma participar ativamente das ações do Sinte”, explicou a coordenadora de apoio pedagógico, Sônia Andrade.

Ela disse que os professores decidiram que, por enquanto, não irão parar as aulas, mas reduzir as horas de ensino e, por isso, durante o período de paralisação o horário da tarde começa às 13h e termina às 15h30.

A estudante Lorrana Samai comemorou a iniciativa dos professores do seu turno em não aderirem à greve. “Achei muito certo da parte deles, porque já faltam professores na escola e com a greve a gente se prejudica ainda mais”, declarou.
Fonte:Novo Jornal

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