A mídia brasileira tem dado nos últimos dias uma excessiva cobertura ao caso da atriz global Carolina Dieckman sobre fotos de nudez da mesma no mundo virtual, o que não é errado. O fato é que a dimensão do assunto consegue ultrapassar valores e conceitos mais importantes de modo que coloca em plano secundário questões mais importantes e pertinentes para a nossa sociedade.
Na contramão dos hackers que inovam a cada dia a nossa justiça sequer possui leis específicas para esse tipo de contravenção. A nossa justiça ainda cega e muda, porém bem remunerada carrega sobre si leis antiquadas que poderíamos conceituar como ultrapassadas ou popularmente falando “do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça”.
Mas uma coisa me chama a atenção. A rapidez com que conseguiram resolver e descobrir os culpados. Não vemos essa mesma eficiência dos inóspitos setores de segurança agir com a mesma intensidade e competência para achar pedófilos, hackers mal intencionados, rastrear contas de grandes figuras. O que leva a crer coincidentemente aquilo que já sabemos infelizmente, que cada cidadão vale o que tem. Duvido que haja tanto destaque para algum brasileiro comum em episódio similar se não for da turma do plim plim, do Edir ou de outro (ba)canal televisivo.
O modo como à imprensa se posiciona e dá cobertura a esses fatos e a forma como é aceita pela sociedade leva a uma conclusão de que a única preocupação não é coibir, mas tão somente de expor ainda mais um assunto que particularmente considero pequeno em troca de uma audiência ou acessibilidade de muitos internautas.
Não se pode acreditar que a sociedade ou a imprensa estejam preocupadas com a exposição da vida íntima da atriz. Na verdade os que tiveram acesso às fotos estavam ou estão interessados em vê-la como veio ao mundo e depois emitir a sua opinião do tipo ainda continua um mulherão como na playboy.
Esse caso para mim, não possui nada de inovador, segurança nacional ou preocupação com privacidade, mas tão puro e simplesmente excesso de sensacionalismo.
O que se torna interessante, é que os meios de comunicação que supostamente divulgam, noticiam e repudiam, são os mesmos que colocam em suas telenovelas cenas tórridas de amor e sexo em horário normal para crianças. E isso é correto e moderno.
Enquanto esse assunto estiver na mídia, o nosso Estado não tem problemas de desmandos, secas, greves, descasos, aumento da criminalidade. A nossa Campo Grande não tem falta de professores em colégios estaduais, não se assaltam e tantos outros, que creio devemos agradecer, pois outros problemas não temos, a não ser bisbilhotar a vida dos outros.
Só não reclamem depois quando você de tanto se preocupar hipoteticamente e hipocritamente com a vida do outro, tomarem a sua vida por inteiro de modo que em determinado momento você não se ache uma pessoa, mas somente um zumbi.
É uma pena que enquanto avançamos em alguns setores, uma grande parcela da sociedade ainda se encontra inquieta em descobrir o desenrolar de um caso comum, sem graça, sem mérito e que em nada vai influenciar e mudar sua vida para melhor.
Mudou a sua?
Fonte:blog do caramuru
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