domingo, 25 de março de 2012

Cenário se mantém na Armando Ribeiro

O cenário de poluição da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves continua praticamente o mesmo, da cidade de Jucurutu ao município de Itajá, com rebanhos pastando, matadouros, restaurantes, bares e até curtumes funcionando nas margens do maior reservatório de água doce do Rio Grande do Norte, responsável pelo abastecimento de pelo menos 500 mil pessoas e a irrigação numa área aproximada de 30 mil hectares.
Há poucas semanas, a reportagem do JORNAL DE FATO visitou a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves em sua extensão de 64km. Logo no primeiro trecho, percebe-se a existência de uma grande mina de extração de ferro (trabalhos paralisados), em Jucurutu. Esta mina fica na Serra do Bonito, distante apenas três quilômetros do reservatório. Na mesma cidade, bares, currais e até um matadouro público funcionando às margens do lago.
O matadouro público, segundo a gerente de fiscalização do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (IDEMA), não tem licença ambiental para funcionar. Na cidade de São Rafael, havia criações de tilápia em cativeiro que foram retiradas. Na Prainha de São Rafael também foram retirados, ficando no local apenas um aposentado, num local afastado da água vendendo água de coco, cachaça e fazendo peixada para vender.
Nesta cidade, segundo Graça Azevedo, existem três curtumes funcionando, e que estas unidades já teriam passado pelo processo de citações para funcionar conforme previsto pela Legislação Ambiental, afastado do reservatório. Estas três unidades continuam funcionando. Já na cidade de Itajá, onde fica o paredão de 3 quilômetros da barragem e as estações de coletas de água para abastecer Mossoró e a região Central, tem uma vila com mais de 100 casas nas margens.
Nas margens do lago existem vários bares e até restaurantes bem estruturados. Dentro do lado, as invasões de áreas da União administradas pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) continuam. Existem quatro ilhas ocupadas, sendo que uma com poucas coisas, outra por um ambientalista e duas por dois empresários de Mossoró, que invadiram, construíram e mantêm o local controlado por vigilantes.

Dnocs diz que áreas invadidas são da União
Ouvido pela reportagem, o engenheiro João Guilherme, do Dnocs, que acompanhou a confecção dos projetos e construção da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves no final da década de setenta e início da década de oitenta, disse que todas as áreas ocupadas dentro da barragem terão de ser desocupadas, por questões ambientais e por ser área da União.
João Guilherme explicou também que as áreas próximas até 50 metros da maior margem da barragem pertencem também à União. Os antigos moradores proprietários das terras foram indenizados. Alguns reclamam que ainda não receberam. Na época da construção, a cidade de São Rafael inteira foi inundada, sendo necessário construir outra cidade.
O engenheiro também reconheceu como responsabilidade do Dnocs os três diques construídos nas margens do rio Piranhas/Açu, na cidade de Jucurutu. Estes diques ajudam a proteger a cidade da água da barragem em époças de grandes cheias, como aconteceu nos anos de 1985, 2004, 2008 e 2009. Em 2011, uma chuva de 170 milímetros terminou por inundar 136 casas da região mais baixa de Jucurutu, porque os diques do Dnocs não escoaram a água.
Neste caso, João Guilherme explicou que as casas de bombas e o sistema de drenagem foram resolvidos. Sobre as invasões, o engenheiro lembrou que o trabalho para retirar passa por uma ação na Justiça Federal, movida pela assessoria jurídica do órgão, e, de posse destes documentos e com apoio da Polícia Federal, retira-se os invasores.
Fonte:jornal de fato

Nenhum comentário:

Postar um comentário