sexta-feira, 10 de junho de 2016

‘Vacilo’, diz secretário de Justiça após fuga da maior penitenciária do RN

“Foi um vacilo”. É assim que Wallber Virgolino, secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte (Sejuc), classifica a mais recente fuga da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior presídio do estado (veja vídeo acima).

A debandada aconteceu por volta das 21h da quarta-feira (8), quando detentos do pavilhão 2 escaparam por um buraco escavado no pé do muro, próximo a uma guarita desativada. No entanto, a Sejuc ainda não sabe dizer quantos presos fugiram. Até o momento, quatro presos foram recapturados pelo Batalhão de Choque da PM logo após a fuga.

A declaração do secretário foi concedida nesta quinta-feira (9) durante uma visita às unidades prisionais de Mossoró, no Oeste potiguar. “O apenado estuda o sistema penitenciário. Então ele procura um momento de vacilo para tentar fugir. E ontem foi um vacilo. Uma guarita desativada e pouco efetivo. Quando a gente arrocha, a intenção do preso é escapar. Vamos diminuir as fugas, mas vocês ainda vão ver uma vez ou outra algum apenado fugindo”, disse Virgolino. “Temos que construir unidades prisionais e criar vagas porque, mais cedo ou mais tarde, vai explodir”, acrescentou.

A fuga
Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal. Segundo a direção da penitenciária, os presos que escaparam são do pavilhão 2. O buraco usado foi escavado no pé do muro, próximo de uma guarita de vigilância que estava desativada.

Coordenador da Administração Penitenciária do estado, Zemilton Silva disse ao G1 que os presos fizeram um buraco no piso da quadra do pavilhão e saíram se arrastando até o pé do muro, entre as guaritas 2 e 3, onde um escavaram um novo buraco. “A guarita 3 estava desativada por falta de policiamento. De certo forma, isso facilitou a fuga”, ressaltou. “Quando o PM da guarita 2 percebeu a movimentação, ele fez vários disparos de advertência, mas alguns detentos já haviam passado pelo buraco. Ele disse que chegou a ver três presos correndo no meio da mata”, acrescentou.

Alcaçuz possui aproximadamente 1.100 detentos. A capacidade é para 620.

Guaritas desativadas
Agentes penitenciários que estavam de plantão na noite desta quarta relataram que, além da guarita 3, outros três postos de vigilância também estavam sem guardas no momento da fuga. A segurança externa do presídio é feita pela Polícia Militar. Alcaçuz possui 10 guaritas. Comandante geral da PM no estado, coronel Dancleiton Pereira negou que as guaritas estivessem desativadas no momento da fuga. Porém, ressaltou que o Comando de Policiamento Metropolitano (CPM) irá apurar o caso.

Sem contar com os fugitivos desta quarta, 216 detentos já fugiram de unidades prisionais do estado este ano. A média é de 10 fugitivos por semana.

Tentativa
Presos do pavilhão 2 já haviam tentado escapar de Alcaçuz esta semana. Foi no domingo (5), quando alguns detentos se aproveitaram que estava chovendo forte e pularam o muro da quadra. Fora do pavilhão, eles rastejaram para tentar cavar um buraco no pé do muro. Contudo, o guariteiro conseguiu ver a movimentação e atirou para o alto. O grupo de patrulhamento do sistema prisional que estava realizando uma ronda externa entrou na unidade e conseguiu capturar cinco presos que estavam ainda dentro da penitenciária.

Sistema em calamidade
O sistema penitenciário potiguar não passa por um bom momento. E faz tempo. Em março de 2015, após uma série de rebeliões em várias unidades prisionais, o governo decretou estado de calamidade pública e pediu ajuda à Força Nacional. Para a recuperação de 14 presídios, todos depredados durante os motins, foram gastos mais de R$ 7 milhões. Tudo em vão. As melhorias feitas foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades, as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.

Além das unidades depredadas e da superlotação, a violência e as fugas também se tornaram problemas constantes para o Estado. Somente este ano, 12 detentos morreram dentro dos presídios e 216 já escaparam do sistema. Alguns foram recapturados, mas nem a Secretaria de Justiça (Sejuc) nem a Secretaria de Segurança Pública (Sesed) sabem precisar a quantidade de fugitivos que retornaram aos presídios.

Fonte:G1/RN – http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2016/06/vacilo-diz-secretario-de-justica-apos-fuga-da-maior-penitenciaria-do-rn.html

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