segunda-feira, 25 de abril de 2016

‘PSDB não aceitará cooptação’, diz Cássio Cunha Lima em resposta a Serra

“A conversa do Michel Temer com o PSDB não pode ser na base da cooptação individual, o partido não aceitará”, disse o líder tucano no Senado, Cássio Cunha Lima. “Não admitimos que o pessoal do PMDB faça conosco o que o PT fez com eles. Estamos há quase 14 anos na oposição. E não chegamos até aqui para fazer esse papel. Esse tipo de coalizão fisiológica está falido. Se repetir o modelo, Temer começa muito mal.”
Cássio conversou com o blog na noite deste domingo. Disse que o PSDB discute internamente os termos de um documento que expõe as pré-condições do partido para integrar uma coalizão em torno de um eventual governo Temer. “Admitimos construir um relacionamento institucional, respeitoso e programático. Isso independe de cargos”, disse o senador. A crise abre espaço para uma mudança de procedimentos. Fora disso, estaremos trocando seis por meia dúzia.”
A minuta do documento do PSDB está pronta. Contém, por ora, 11 tópicos. Abre justamente com a exigência de mudanças na forma de construir a coalizão política que dará suporte congressual ao governo. Passa pela defesa da continuidade da Operação Lava Jato. Menciona a preservação dos programas sociais. E reafirma a necessidade de reformas como a da Previdência e a política. O texto será submetido à Executiva da legenda, em reunião marcada para 3 de maio.
“As conversas conosco precisam ter esse caráter programático, com valores e ideias”, afirmou Cássio. “Ou construímos relações institucionais sadias ou as mudanças serão cosméticas, sinalizando para o país que haverá mais do mesmo. Isso não tem como dar certo.”
Integrante do grupo mais próximo de Aécio Neves, presidente do PSDB, o senador Cássio falou ao blog nas pegadas de observações divulgadas na véspera por outros dois senadores tucanos. José Serra e Aloysio Nunes Ferreira defenderam a participação do tucanato no cada vez menos hipotético governo Temer. “Seria bizarro o PSDB ajudar a fazer o impeachment de Dilma e depois, por questiúnculas e cálculos mesquinhos, lavar as mãos e fugir a suas responsabilidades com o país”, chegou a dizer Serra.
Também na noite deste domingo, alheio aos eforços da ala do PSDB que leva o pé atrás em relação a Temer, Serra esteve com o substituto constitucional de Dilma Rousseff. Temer recebeu o senador tucano no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. Amigo de Temer, Serra é visto como um futuro ministro esperando na fila. Gostaria de comandar a Economia. Mas Temer prefere acomodá-lo noutra pasta. Discute-se, por exemplo, a hipótese de confiar a Serra o Ministério da Educação.
Abstendo-se de mencionar o nome do companheiro de partido, o tucano Cássio voou noutra direção. “Se for construir a coalizão política entregando um quinhão para o PSDB, outro quinhão para o PP, outro para o PTB e assim sucessivamente, Temer começará muito mal. O momento que o Brasil atravessa pede mudança, não a manutenção de velhos hábitos. Ou Temer inova ou a crise não lhe dará sossego.”


Fonte:Blog do BG:

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