terça-feira, 20 de maio de 2014

Estradas da região Oeste potiguar estão entre as mais perigosas do Rio Grande do Norte

Trafegar com segurança na malha viária que corta o Oeste do Rio Grande do Norte não é uma tarefa simples para motoristas, principalmente para os que são obrigados a viajar no período noturno, em especial nos trechos que dão acesso ao Alto Oeste potiguar.

Se não bastasse o perigo de assaltos, os motoristas convivem com as surpresas constantes de buracos e animais na pista, além do matagal que impede a visibilidade das poucas placas de sinalização que ainda restam.

Com toda essa problemática que os transeuntes enfrentam, o resultado não poderia ser diferente, se não muitas mortes. Quando se viaja durante o dia é possível notar a grande quantidade de cruzes ao longo das estradas, lembrando que ali naquele local uma viagem foi interrompida.

Os trechos compreendidos entre Mossoró e o município de Baraúna, na RN-015; a cidade de Mossoró e a cidade de Tibau, RN-013; Mossoró e Assu, BR-304; Mossoró e Areia Branca, BR-110; já mataram, somente este ano, quase 50 pessoas, segundo dados repassados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pelo Departamento de Polícia Rodoviária Estadual (DPRE).

Um dos casos mais recentes envolvendo acidente com vítima fatal foi registrado na noite da última segunda-feira, quando um capotamento de veículo, em um trecho da RN-013, no município de Tibau, resultou na morte de uma pessoa e deixou outras duas gravemente feridas. Paulo José de Souza Costa, 20, que era natural de Fortaleza (CE), estudava na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), ficou preso embaixo do veículo e morreu na hora.

A delegada da Polícia Civil de Icapuí (CE), Juliana de Carvalho, e o motorista, identificado como Charles, foram levados para o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM). A delegada foi transferida para Recife (PE), onde se recupera.

O acidente aconteceu por volta das 18h30, as vítimas seguiam de Icapuí para Mossoró, em um táxi, quando próximo ao assentamento Juremal o motorista tentou desviar de um animal morto na pista, perdeu o controle do veículo e capotou.

No táxi viajavam outras duas pessoas, que saíram ilesas. Paulo José era aluno do curso de Ciências e Tecnologia da Ufersa e residia em Icapuí. Ele estava vindo a Mossoró para assistir aula.

Outro acidente de proporções graves, que também marcou a semana, aconteceu na BR-304, já no município de Assu, onde o pastor evangélico Paulo Sérgio de Oliveira morreu numa colisão de motocicleta com uma caminhonete Ranger, na manhã da quinta-feira (15). Paulo Sérgio, que era natural de Itabaiana, na Paraíba, subiu a pista de rolamento sem olhar o trânsito e foi colhido pelo carro em alta velocidade.

Nos dois casos, a alta velocidade e o descuido foram preponderantes para as mortes. "Dirigir não é só aprender a guiar o transporte, tem que vir associado de vários fatores de autodefesa e prudência. No caso da morte do estudante, o motorista seguia velozmente em uma pista duplicada e não contava com o fator surpresa, que era o animal na pista. Já o pastor, entrou em uma via de grande movimentação, sem olhar para os lados e foi colhido pela caminhoneta. Imprudência e descuido foram convertidos em mortes", concluiu o patrulheiro de trânsito, Francisco Charles.

"Meu pai nunca voltou, morreu na estrada junto com os nossos sonhos de infância", diz professor

Hoje aos 44 anos, o professor Paulo Roberto de Sales ainda relata as poucas lembranças que restam de seu pai, o comerciante apodiense João Roberto de Menezes, que no último 7 de maio completaram-se 33 anos de sua morte, em um acidente na BR-405, trecho compreendido entre Mossoró e Apodi.

"Foi velocidade, associada com uso de bebida alcóolica, por parte do condutor da Brasília, que meu pai viajava como passageiro. Ele disse que iria de Apodi para Mossoró, de onde voltava logo, só que nunca voltou e levou junto com ele os sonhos de toda a nossa família, que teve de se acostumar com uma nova situação de vida, muito diferente da que levávamos. Tudo isso graças a um coquetel que misturam alta velocidade, bebida alcoólica e imprudência", explicou o professor.

Para o professor Paulo Roberto, a história de sua vida é contada com frequência na sala de aula, no sentido de combater o alto índice de acidentes que existem no Brasil, um dos países que mais matam no trânsito.
"Para se ter uma ideia, morreram em acidentes de trânsito no Brasil 980.838 pessoas entre os anos de 1980 e 2011. Neste último ano, o país alcançou a maior taxa de mortes por cem mil habitantes desde que os dados começaram a ser contabilizados. Foram 22,5 mortes por 100 mil habitantes, pico que já havia sido alcançado em 1996, antes da criação do Código Brasileiro de Trânsito, que logo depois que começou a vigorar contribui para quedas importantes nas taxas. Diante desses números, se eu conseguir conscientizar um aluno sequer, para ser um motorista respeitado, já ficou satisfeito", concluiu.

Colisões, atropelamentos e capotadas fazem da RN-015 a "Rodovia da Morte"

RN-015 é o nome que recebe o trecho da rodovia estadual entre as cidades de Mossoró e Baraúna e se estende até a divisa com o Ceará. Por ser muito estreita e pelas curvas perigosas que a estrada tem, um grande número de acidentes com vítimas fatais é registrado todos os meses, o que lhe rendeu a alcunha de "Rodovia da Morte".

Segundo dados do DPRE, a imprudência dos condutores de veículos que não respeitam as normas de trânsito e colocam vidas em constante perigo é a causa dos acidentes em quase sua totalidade.
O DPRE iniciou há algum tempo um trabalho de estatísticas para medir o número de acidentes naquela artéria, entretanto não tem ainda o número de mortes registradas nos últimos dois anos. Porém as causas dos acidentes, dentre outros, figuram colisões, capotamentos, derrapagens e atropelamentos que diariamente acontecem na rodovia.

"Para se ter uma ideia, como a estrada é perigosa, os acidentes acontecem em diversos trechos, seja no município de Mossoró ou Baraúna, onde os condutores abusam da realidade e acabam se acidentando", destacou um patrulheiro do DPRE.

Para o policial, a maioria dos acidentes é causada por imprudência dos condutores, sejam de carros, veículos pesados ou motocicletas. "As pessoas abusam da sorte e passam a correr desenfreadamente na pista que tem um grande fluxo de veículos, principalmente caminhões pesados. Aí quando mistura velocidade, curvas sinuosas, e ultrapassagens indevidas o resultado não pode ser outro, acidente", explicou.


Do O Mossoroense 

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