terça-feira, 5 de março de 2013

Se vivo fosse, Valdetário seria inocentado do crime que o transformou em bandido

Galego Carneiro (foto abaixo), que foi preso e processado junto com Valdetário pelo roubo da Pampa e o duplo assassinato, foi absolvido quarta-feira, dia 27 de fevereiro, em Campina Grande

Se não tivesse sido morto em confronto com a Polícia em dezembro de 2003, José Valdetário Benevides teria sido absolvido quarta-feira, dia 27 de fevereiro, de um dos dois crimes que o empurrou para o mundo do crime, na década de noventa, para se transformar num dos homens mais temidos do Nordeste.
Aguinaldo Benevides Carneiro, o Galego, hoje com 44 anos, foi também acusado de roubar uma Pampa e em seguida matar duas pessoas em São Bento, no Estado da Paraíba, junto com Valdetário. Assim como Valdetário, pela injustiça que sofreu também, Galego terminou no mundo crime até ser baleado e preso no Piaui (PI).
Valdetário e Galego são da segunda geração da família Carneiro, de Caraúbas. A primeira geração também entrou no mundo do crime em função de uma injustiça. Quem conta esta história é Vanzinho Carneiro, que hoje é cantor evangélico.
Vanzinho relata que por uma razão banal o policial militar matou um irmão dele na década de 70. Outro irmão, o Maurício, se vingou, matando-o. “Daí começou toda a perseguição a minha família e não nos restou outra opção se não o crime”, contou em entrevista ao jornalista César Santos.
O que aconteceu de 1980 a 1990 é uma história a parte, que não caberia em um livro.
A segunda geração da família Carneiro no mundo crime começou em 1991 com acusação de que Valdetário, Galego e João Benevides, o Branquinho, haviam roubado uma Pampa em São Bento (PB). Este veículo foi apreendido em Aracati (CE) com Sueldo Ribeiro de Vasconcelos.
E mesmo Sueldo Vasconcelos tendo confessado o roubo ao então delegado Roberto Eduardo, e aos agentes Gurgel e De Sousa, de Mossoró, o Tenente Gabriel prendeu Valdetário, Galego e Branquinho, em Caraúbas, e os acusou do crime. Disse que eles haviam sido reconhecidos no roubo da Pampa.
“Na época, levaram Galego amarrado na carroceria da Pampa para São Bento”, relata Vanzinho Carneiro. Foram condenados por este crime que não cometeram a 7 anos e 6 meses de prisão. Quando já estava prestes a sair da prisão, outro crime, ainda mais cruel, os segurou presos: um duplo homicidio em São Bento.
Geraldo Francisco dos Santos (dono da Pampa) e Antônio dos Santos Batista foram assassinados em São Bento. Novamente a responsabilidade por este duplo homicídio foi atribuída a Valdetário e Galego pelo tenente Gabriel, de Caraúbas, associado aos policiais militares de São Bento.
“Só que não foi Valdetário e nem Galego que mataram Geraldo e Antônio. Até a família da vítima é consciente disto. Valdetário estava preso à época, conforme Certidão assinada por José Risuendo Morais, diretor da Penitenciária de Campina Grande, e Galego estava no Amapá”, diz o advogado Félix Gomes Neto.
Todas as provas foram juntadas e colocadas no processo do duplo homicidio, que foi levado a julgamento quarta-feira, dia 27 de fevereiro, em Campina Grande. Diante das provas e as evidências, o próprio promotor de Justiça voltou a trás e pediu a absolvição de Galego.
Valdetário foi morto em confronto com a polícia no mês de dezembro de 2003, em Lucrécia.
Até 1991, Valdetário e Galego trabalhavam e tinham suas familias. Os dois eram conhecidos em Caraúbas. Se o Estado tivesse feito um julgamento justo na época, talvez, talvez muitas vidas nao tivesse sido ceifadas, muitos assaltos não tivesse acontecido….
Fonte:Retrato do Oeste

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