quinta-feira, 7 de março de 2013

Geraldo Ferreira: “A classe médica está decepcionada com a governadora Rosalba”


Após uma decisão judicial que manda os médicos retornarem ao trabalho em 24 horas, e que determina que o Governo promova três reuniões durante o mês de março com o Sindicato dos Médicos (Sinmed) para discutir a pauta da categoria, a greve dos médicos, que já durava dez meses, chegou ao fim na manhã na noite desta terça-feira (5). Mas não sem vencidos e vencedores. “A classe médica está decepcionada com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM)”, afirma o presidente do Sinmed, Geraldo Ferreira.
Tendo recebido o apoio incondicional da categoria na sua eleição em 2010, inclusive pelo fato de ser médica, Rosalba finaliza uma greve por força de uma decisão judicial, e não, por um acordo em que as partes todas ganham. Assim, vê a categoria que foi fundamental para a sua eleição dar-lhe as costas, retirando um apoio que poderá lhe fazer falta em 2014, se decidir enfrentar as urnas da reeleição.
“Na verdade, o governo está brincando de fazer saúde”, resume Geraldo, que também preside a Confederação Nacional dos Médicos (Fenam). Na sua avaliação, por conta de inabilidade política e incompetência administrativa, “o governo está se isolando” cada vez mais, fato que fica evidente com a dificuldade de se nomear um diretor-geral para o maior hospital do Estado, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. Faz dois meses que a atual diretora pediu demissão e o Governo não conseguiu nomear profissional que cuida da unidade hospitalar.
“Na verdade, o Governo está brincando de fazer saúde e tem uma coisa muito grave que a gente nota, mas que pode ser extensiva a todo o Governo: o Governo não tem quadros, infelizmente”, declarou Ferreira, apontando um que pode ser considerado dos mais graves efeitos da incompetência administrativa: o isolamento advindo da oposição que as pessoas começam a fazer ao Governo. “O que a gente vê em governos anteriores é que a gente tinha um leque de pessoas disponíveis a ajudar, a contribuir, e hoje a gente vê o Governo pobre, sem dispor de quadros, sem dispor de apoios e dificilmente ele consegue isso, porque as pessoas qualificadas hoje se colocam em situação de oposição ao Governo”, avaliou.
Geraldo Ferreira acredita que o isolamento do governo se deve, principalmente, à traição aos compromissos políticos assumidos pela governadora em praça pública, durante a campanha eleitoral de 2010. “A classe médica vem acompanhando a governadora Rosalba há um bom tempo. Nós participamos ativamente de suas várias eleições em Mossoró, da sua eleição ao Senado; aí, já no âmbito do Rio Grande do Norte, nós a recebemos em assembleias históricas na Associação Médica, nós apoiamos firmemente a sua candidatura ao Governo do Estado, mas, como se vê, pagamos um preço por isso”, disse Geraldo, que liderou a greve que teve como objetivo a melhoria no serviço de saúde.
 PROVÍNCIA
Além de trair os compromissos perante os médicos, os profissionais de saúde e a população, segundo Geraldo Ferreira, outros fatores tornaram a gestão isolada, como o fato de o Governo ser é extremamente provinciano e paroquial, o que faz com que recorra sempre a pessoas de sua absoluta serviência, que são o pessoal tradicional ligado ao grupo político que já acompanhou Rosalba em vários governos. “E governo de município você sabe como é, uma troca de favor muito grande, eu emprego seu filho, sua mãe e sua família”, analisa Ferreira.
Ainda segundo o médico potiguar, para piorar, há um comportamento do Governo que aponta para não saber conviver com os movimentos sociais. “Esse governo, claramente, não respeita as entidades dos trabalhadores, seus sindicatos, suas associações, seus órgãos de representação. Isso tudo finda promovendo um isolamento do Governo”, diz, concluindo que o motivo crucial do isolamento, porém, termina sendo a ineficiência administrativa, com danos irreparáveis à população. “O Governo nem sabe administrar e as pessoas que ele convoca ele também não permite que elas administrem”, finalizou.

SINMED DIVULGA NOTA SOBRE O FIM DA GREVE
O fim de uma greve não é o fim da Luta. Agradeço sensibilizado aos que bravamente resistiram, enfrentaram perseguições, corte de ponto, corte de salário e até processos por defenderem a dignidade do nosso trabalho.Com a cabeça erguida e o coração cheio de orgulho de nossa categoria posso clamar – Não fomos omissos. Defendemos as bandeiras históricas de carreira médica, piso Fenam, mas também o fim de internamento em corredores, o abastecimento das unidades, exigimos leitos de internamento e de UTI, combatemos a terceirização e sua irmã siamesa a corrupção, impedimos fechamento de unidades, bloqueamos desativação de serviços, lutamos por dignidade no atendimento à população. Denunciamos o governo estadual desde delegacias de polícia à corte interamericana de direitos humanos. Alguns até pensam que a greve foi longa e nos desgastou. Talvez fisicamente, mas moralmente nada podia ser diferente, nosso dever é denunciar, propor soluções, nos mobilizarmos, irmos à luta, como fizemos e combater o bom combate. Aos que participaram ativamente do movimento, o agradecimento sincero do Presidente do Sinmed, aos que nos apoiaram, mesmo não estando na linha de frente, minha gratidão, aos que não acreditaram ou fraquejaram na luta, meus desejos de que renovados estejamos juntos nas próximas batalhas. A decisão da justiça foi sábia. Ao mesmo tempo que exigiu o fim da greve, determinou ao Sindicato e ao Governo três rodadas de negociação no mês de março, para avançarmos na discussão da pauta.
Determinou ainda ao governo sensibilidade para responder fundamentadamente aos pleitos dos médicos. A decisão da Assembleia de 05 de março foi cumprir a decisão judicial de retorno ao trabalho e permanecer em Assembleia permanente para acompanhar as rodadas de negociação e seus possíveis avanços ou impasses. Alguns acham que continuaremos sem conseguir o que pleiteamos. Eu, acostumado a tantas lutas e batalhas, penso diferente. É certo que tivemos greves fortes, históricas e avanços memoráveis, mas nenhum deles foi sem negociação, embora reconheça, que com uma pressão maior da categoria sobre o governo. Tivemos um grande ausente nesses meses, o legislativo, nossos deputados médicos, que em governos prévios e em greves anteriores foram muito importantes para os resultados obtidos. Mas enfim, fizemos o que devíamos ter feito, não nos omitimos, lutamos com coragem, empunhamos a bandeira do certo, enfrentamos as dificuldades de termos do outro lado um governo insensível e autoritário. Não guardo arrependimentos, faria tudo de novo, ou melhor, não demorará muito e faremos tudo de novo. Obrigado a todos, tenho cada vez mais orgulho de ser médico e de minha categoria. Nossas bandeiras de lutas permanecem, cabe a cada um defendê-las, o que foi semeado cedo ou tarde florirá.
Geraldo Ferreira – Presidente Sinmed RN Fonte:Jornal de Hoje
Nota do Blog:Esse é o governo que vai fazer  RN acontecer

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