domingo, 22 de abril de 2012

Flávio Rocha denuncia clima de hostilidade no RN e diz que Guararapes/Riachuelo estão sendo expulsos do Estado

Sai política partidária, entra política econômica…
O assunto da semana é, sem dúvida, a não ser que o STJ e STF surpreendam com novidades sobre os escândalos do RN, a entrevista do empresário Flávio Rocha à jornalista Andrielle Mendes, da Tribuna do Norte.
Flávio fala em investimentos – média de 35 milhões na ampliação do call center da Riachuelo instalado no Rio Grande do Norte – e do clima hostil com o Estado onde o pai Nevaldo Rocha deu os primeiros passos como empresário.
Versando sobre ‘custo Brasil’, deixa claro que a China é o centro produtor da hora, tanto que o Grupo que controla abriu um escritório de compras por lá, para abastecer as lojas Riachuelo espalhadas pelo Brasil afora. O que provocou mais de 7 mil demissões na fábrica Guararapes, em Natal.
Até aí, nenhuma novidade.
Novidade são as declarações de Flávio Rocha, que hoje define como “hostil ao empresariado” o ambiente no Rio Grande do Norte, ao ponto do Grupo que comanda estar se sentindo “expulso” do seu estado de origem, e anunciando a construção de uma fábrica no vizinho Ceará…quando ela deveria estar no RN.
Eis alguns trechos das declarações de Flávio Rocha à TN de hoje:
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-Não há sensibilidade, no estado, para este problema. Existem pessoas que acham que estão fazendo bem para o trabalhador, mas estão fazendo um grande mal. Tirando a competitividade do setor. Isto é dramático. Há pessoas que pensam que estão prestando um serviço ao trabalhador potiguar, mas estão prestando um bom serviço ao trabalhador da China. Botaram para fora a Coteminas (que anunciou há alguns meses a desativação parcial de uma de suas unidades fabris no estado). E estão querendo colocar para fora a Guararapes. Para Guararapes e para a Riachuelo, na verdade, tanto faz produzir no RN ou produzir no Ceará. Hoje, por exemplo, nós só temos investimentos industriais no Ceará. No Rio Grande do Norte, paramos todos os investimentos. Estamos construindo uma outra fábrica no Ceará, que poderia muito bem estar no Rio Grande do Norte. Não é isso?
"No Rio Grande do Norte, paramos todos os investimentos. Estamos construindo uma outra fábrica no Ceará, que poderia muito bem estar no Rio Grande do Norte".
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-A fábrica era para estar no Rio Grande do Norte, mas está no Ceará, porque o ambiente no Rio Grande do Norte é hostil ao empresariado.

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-Está sendo construída (no Ceará), uma fábrica que emprega 2 mil pessoas. E vamos abrir outra. Estamos buscando outros estados. O Rio Grande do Norte é bem contrastante. Existe uma hostilidade, por parte dos reguladores,  que não existe em outros países. Somos empregadores em 25 estados brasileiros. Mas não existe tanta hostilidade a figura do empregador como existe no RN.
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-A Riachuelo vai duplicar o número de lojas em dois anos. Ela precisa  se abastecer. Ela podia se abastecer no RN. Isso traria um impacto maravilhoso para o estado. A Riachuelo tem quase 150 lojas. Ela vai ter mil lojas no Brasil. Antes cada loja que a Riachuelo abria, com 100 funcionários, gerava 200 empregos em Natal. Isso mudou completamente.
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-O que move Nevaldo Rocha, presidente do grupo Guararapes, não é o lucro. O que o move é a geração de emprego no RN. Então, quando ele vê que vários postos de trabalho foram fechados ele fica muito triste. Para Guararapes, tanto faz. Isso não está diminuindo em nada o ritmo de crescimento da Riachuelo. A Riachuelo está de vento em popa. Não está produzindo no RN, mas está importando da China. Está ampliando presença no Ceará e vai construir fábricas no Centro Oeste. Seu Nevaldo fica triste com isso, mas nós como somos os gestores da empresa temos que ser racionais. Eu sou norte-rio-grandense e também sofro um pouco. A empresa está num momento maravilhoso. O RN está perdendo oportunidades. A Guararapes vai muito bem obrigado, agora o Rio Grande do Norte está jogando fora uma oportunidade.
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-Estamos sendo expulsos. E olha, não falta exemplos de empresas seríssimas que estão sendo expulsas do RN.
Estamos sendo expulsos. E olha, não falta exemplos de empresas seríssimas que estão sendo expulsas do RN
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-A gente vê no primeiro escalão – governadora e secretariado – uma grande acolhida ao investimento, mas ao mesmo tempo vê uma hostilidade surpreendente na convivência cotidiana com o estado.

Fonte: Thaisa Galvão

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