Os 80 anos de Silvio Santos, que ele completa no domingo, 12 de dezembro, ganharam comemoração antecipada, uma semana antes, na Record. A emissora dedicou 45 minutos de sua programação dominical para homenagear o concorrente, e aproveitou para tirar uma casquinha da rival Globo e promover o seu reality show, “A Fazenda”.
Apresentada por Marcelo Rezende, dentro do programa “Domingo Espetacular”, a reportagem recorreu a uma fonte oficial, a biografia “A Fantástica História de Silvio Santos”, de Arlindo Silva, para reencenar, com a ajuda de um ator, passagens da infância do apresentador, em particular sua experiência como camelô no centro do Rio de Janeiro.
A quebra do Banco PanAmericano, mencionada no início e no final da reportagem, foi tratada como um fato menor na trajetória de Silvio. “O que é um banco para quem tem um império?”, perguntou Rezende na abertura.
Com autorização do SBT, a Record entrevistou Jorge Assis de Souza, o funcionário responsável pela preparação dos “aviõezinhos” de dinheiro que Silvio Santos atira para a plateia. Ele tem 80 anos, trabalhou na Rede Globo, onde foi contra-regra, e está desde 1981 com Silvio. Pergunta do repórter: “Qual é a diferença do Silvio Santos para o Roberto Marinho?” Pano rápido.
Em outro momento bizarro, Sergio Mallandro deu um breve depoimento sobre o ex-patrão. Contou que encontrou Silvio Santos recentemente e que conversaram sobre a sua participação na terceira edição da “Fazenda”. Mallandro teria dito que, após a eliminação, estava desempregado e precisando de dinheiro, ao que Silvio teria respondido que também estava na “penúria”.
Mallandro, então, apareceu em cena no “Domingo Espetacular” com a mala que os participantes do reality carregam ao sair do programa e disse, dirigindo-se a Silvio: “Vamos para a ‘Fazenda 4’, de repente ela te salva”. Pano rápido.
Com extensa folha corrida em programas policiais e sensacionalistas, atualmente na Record, o deputado Wagner Montes deu um depoimento sobre a ajuda que recebeu de Silvio Santos quando perdeu uma perna num acidente automobilístico. Chorou ao falar do ex-patrão. Não foi o único. Até a ex-cunhada, casada com o irmão da primeira mulher de Silvio, chorou ao falar dele.
O programa também abordou, mas de forma pouco esclarecedora, dois episódios importantes na história da televisão brasileira. Em primeiro lugar, a relação de Silvio Santos com a Rede Globo, onde se consagrou, mas posteriormente teve dificuldades, por não se enquadrar no padrão de qualidade que a emissora, sob o comando de Boni, ambicionava alcançar.
O segundo ponto mal explicado foi a luta do empresário para conseguir o seu próprio canal de televisão, o que incluiu, a certa altura, a compra de 50% das ações da Record. Muitos anos depois de conseguir a concessão da TVS do governo militar, Silvio Santos vendeu sua parte da Record para o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus.
Hoje maior que o SBT, a Record homenageou o concorrente num tom que, em alguns momentos, esteve mais próximo de um necrológio do que de uma comemoração. “Silvio Santos sempre esteve, e sempre estará, no coração de milhões de brasileiros”, disse Marcelo Rezende, ao encerrar o programa.
Em tempo: Segundo dados divulgados pela Record, a emissora ficou em primeiro lugar no Ibope durante a exibição da reportagem sobre Silvio Santos.
Por Maurício Stycer
Nenhum comentário:
Postar um comentário